Largo de Bombaldes, após o ciclone de 15 de Fevereiro de 1941. Nessa altura não existia um porto de abrigo que protegesse a frota de pesca do mau tempo, pelo que os barcos eram varados nos largos e ruas da beira-mar. Mas a violência deste ciclone destruiu mesmo os barcos colocados em terra, como se pode ver nesta fotografia, dando razão a um dito sesimbrense: "Quem vara, morre!" Compare-se com a praça na actualidade, em obras.
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Bombaldes square in the aftermath of the cyclone of February 15, 1941. At that time Sesimbra didn't have a harbour for protection of the fishing fleet, so the boats were taken in town during bad weather. But this time it was not enough and many boats were destroyed.
Compare with the same place today (under works, photo below.)
Conferência de imprensa na sede do Partido Socialista, em Sesimbra, provavelmente em 1975. Estou na foto (de óculos e blusão escuro) em representaçao do jornal "Povo de Sesimbra". Amanhã publicarei uma fotografia da mesma altura, onde se vê a mesa e mais gente conhecida.
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Press conference of Socialist Party, in Sesimbra, ca. 1975. There, you can see a guy, with my face and name (with gasses, dark coat), a journalist of "Povo de Sesimbra", a local newspaper he had founded, in the aftermath of the democratic revolution.
Porto de Sesimbra. Se tivesse que lhe dar um nome, o desta fotografia seria "Bandeiras ao Vento", título de uma das novelas do saudoso Capitão Hornblower ( → ).
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Sesimbra harbour. If I should pick a name for this photo, it would be "Flying Colours", the title of one of the novels of Captain Hornblower ( → ), a reading from my youth.
Esta imagem é dedicada a todos os que acham que Sesimbra deveria continuar igual ao que era no passado. Carro camarário de recolha de despejos, com tracção bovina, no largo da Marinha.
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This photo is dedicated to those who think that Sesimbra is being "destroyed", and that it should remain as it was in the past. Old ox propelled cart, collecting domestic effluent.
As partidas de Carnaval constituem uma saudável tradição sesimbrense. A mais famosa delas é o "badalo": uma longa corda com uma pedra é amarrada a uma porta, e "badalada" a altas horas da noite. A porta também pode ser bloqueada com cordas ou objectos pesados, como por exemplo uma aiola. Quando a "vítima" consegue chegar à rua, já os foliões vão longe. Na foto, pessoal da marisqueira "Modesto" responde com "publicidade criativa" à partida que lhes foi pregada durante a noite pela marisqueira "Petiscos da Esquina": a porta do restaurante bloqueada com objectos da obra do Largo de Bombaldes, e um cartaz anunciando "Mudança de Ramo".
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Playing carnival tricks is a tradition of Sesimbra. The most famous is the "badalo" ("bell clapper"): late night, a long rope with a stone is attached to a door ring or knob, and "played" from afar, awakening the family; the door may also be blocked with strings or some big object, like a boat. When the "victim" (idealy a grave, or somber person) gets outside, the jokers are already gone. In the photo, restaurant "Modesto" takes revenge of the sign "Closed due to change of business", found in the morning at the blocked restaurant door, and replies to restaurant "Petiscos da Esquina" with some creative adds.
Os cartazes que aparecem na fotografia publicada mais abaixo, do cruzamento das ruas D. Afonso Henriques e Manuel de Arriaga, fizeram-me recordar um misterioso cartaz que também surgiu nessa altura em Sesimbra, do qual não tenho fotografia, mas que era o mesmo da foto do lado, tirada em Lisboa. Era uma campanha nacional contra o consumo de drogas, com uma caveira sorridente onde se encontrava desenhado o símbolo hippie, e as palavras «Droga Loucura Morte». Foi a primeira vez que ouvi falar em drogas. Não me levou a consumir tais coisas, mas há quem pense que esta campanha contribuiu para a sua divulgação e consumo. Já agora, a primeira vez que ouvi falar em hippies foi numa notícia da televisão desta altura (1967) que anunciava, nada mais nada menos que o fim do movimento hippie: uns brincalhões em S. Francisco tinham decidido fazer o "funeral" do movimento, e a televisão portuguesa achou que essa era uma boa notícia para dar ao pessoal. Afinal os hippies ainda durariam uns anos mais, dando-me tempo para usar cabelo comprido, casaco de caqui, bornal, botas da tropa e uma pulseira de bagas de zimbro. Tenho que procurar fotos desse tempo.
E aqui está, o pequeno largo sem nome onde em tempos morei, ali onde se cruzam o nosso primeiro rei e o nosso primeiro presidente da República. Em frente, as antigas instalações da "fábrica do burro", onde se enlatava as conservas "Catraio", mas que nesta altura eram utilizadas por lojas de companha. E lá está a fonte, pelourinho férreo da nossa alforria (ou escravatura, se era para lá ir carregar um balde ou um jarro). E um cartaz do bronzeador Coppertone, num atrevimento que hoje seria considerado inconveniente. Recordo-me da imagem do outro cartaz, com uma anafada matrona, mas não do produto a que se referia.
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Old photo of a small square of Sesimbra, at the crossing of two streets, bearing respectively the name of our first King and our first President. Fishermen are preparing the longline fishing gear, a system called "aparelho", very specific to Sesimbra. Note also the Coppertone ad, something that would be censored today (present add).
"Pré-carnaval" no Quilombo de Santiago. Como estamos a comemorar os 200 anos da nossa vitória sobre os napoleónicos, a presença dum soldado bonapartista justificou-se plenamente.
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Warming up for Carnival. As we are commemorating 200 years of our victory over Napoleon army, the presence of a bonapartist was very much welcomed.
Aqui está um barco com uma história difícil de igualar, pois já esteve ocupado em três importantes fileiras da economia sesimbrense: começou por se dedicar à pesca, foi depois utilizado em actividades maritimo-turísticas, e acabou finalmente varado quando a polícia o apanhou a fazer tráfico de droga. E o 'Vera Lisa' — como ultimamente se chamava — prepara-se agora para mais uma reencarnação, com uma camada de fibra de vidro sobre a sua bela madeira. Se falasse, bem podia dizer, à moda brasileira: "que droga de vida!"
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A boat with a record. It began to be a fishing boat, later adapted to tourism, and finaly arrest by the police while smuggling drugs ashore. Vera Lisa — its last name — is now being prepared for another reincarnation.
Photo of a riot after interdiction of a pop concert (1969/70)
Em 1969 (ou talvez 1970) ouvi falar de um concerto pop/rock que se realizaria no Estoril. Estavam anunciados grupos como o Quarteto 1111 (que preparava o seu primeiro LP, um disco extraordinário, mas que acabaria por ser o único LP integralmente proibido pela censura), os Chinchilas (onde viria a cantar mais tarde a Lena d'Água) e os Sindikato (com o Jorge Palma, nessa altura um 'queque' da Av. de Roma, a cantar inglês e a imitar os Blood, Sweat & Tears). Também actuariam Adriano Correia de Oliveira e Zeca Afonso. Ainda se juntou uma multidão no parque dos Salesianos, mas quem apareceu para "dar música" foi a polícia de choque, com a notícia de que o concerto fora proibido. O ambiente rapidamente se tornou explosivo: empilharam-se as cadeiras de pinho e fez-se uma fogueira, e isto no meio de um pinhal! Claro que acabou tudo em correrias à frente da polícia, que se prolongaram pela marginal do Estoril, onde vários turistas viram apreendidas as máquinas fotográficas com que tentaram "capturar" aquela animação. Eu tinha ido com um pequeno "caixote" que tirava fotografias de fraca qualidade, mas o certo é que tirei fotos que são raras, se não únicas, como a de cima, onde se vê o início de fogo na pilha de cadeiras, e a de baixo, onde um "hippie", de camisa floreada e cabelos compridos, se distingue na multidão já em comício. A primeira destas fotos foi recentemente publicada no livro: "As Lendas do Quarteto 1111". Soube por esse livro que entre os organizadores se contavam José Cid e José Nuno Martins, a quem, com algum atraso, agradeço a iniciativa. Mais fotos podem ser vistas nesta página. Já agora, duas curiosidades: para ir ao Estoril tive de pedir autorização ao meu "patrão", o Duque (Deocleciano Lúcio Rodrigues) que me empregara na sua "agência" do Jardim, emprego temporário, onde tinha como chefe o meu colega da escola comercial, João Capítulo, que também me relevou a falta — o que agradeço. Quanto a José Cid e o seu Quarteto 1111: para além da proibição integral do LP, é deles também o recorde de canções censuradas pelo regime: 28! Poderá parecer incrível para alguns, mas convém ter isto presente: «quem se lembra desse tempo, é porque não esteve lá!» Ah, mas o fotógrafo esteve!
No ano passado, Vasco d'Orey Bobone publicou um livro com aguarelas inspiradas nas gravuras do «Caderno de Todos os Barcos do Tejo», de 1785, do Capitão-Tenente João de Souza. E lá está um "barco de Sesimbra", com dois mastros e uma característica única: uma acentuada inclinação dos mastros à vante. É interessante comparar esta imagem com a gravura de 1884, de Cazellas, que mostra a baía de Sesimbra repleta de barcos com dois mastros, embora em aparente posição vertical. A gravura de cima foi divulgada pelo blogue Milhas Náuticas.
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Typical boat of Sesimbra, from an engraving of 1785, recently transformed in a watercolor by Vasco d'Orey Bobone. This boat has a unique characteristic: a strong forward tilting of the two masts. The above watercolor was published by the blog Milhas Náuticas.
Professores e alunos do Colégio Costa Marques, em finais dos anos 60.
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Photo of school Costa Marques, from late sixtes.
☆ Fotografia cedida por João Pedro Aldeia. Alguns dos professores: Leonor Costa Marques, Baltazar, Irene, António da Costa Marques (fundador e director do Colégio), Maria Amélia Covas, Manuel Nabais. ☆ Entre os alunos encontram-se: Lília, Ana Victória Lucas, Silvana, Helena Cristina, Pedro Aparício, Francisco Veríssimo, Augusto Zegre, Orlando, Maldonado, Manuel José Pereira, Ricardo, Raul e João Pedro Aldeia. E também o sr. Ferreira, contínuo.
Quarto aniversário do blog 'Sesimbra'. Um grande abraço aos nossos leitores, bem como a todos os que nos têm enviado fotografias. Comemoramos este aniversário publicando algumas dessas imagens. ( visitantes em quatro anos.)
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Today is the fourth anniversary of this blog. We thank all our readers, and also the ones who sent photos of Sesimbra. We commemorate by publishing some of those photos.
Pequeno diplópode — normalmente conhecido como maria-café ou centopeia — do género Lophoproctus, descoberto pelo Núcleo de Espeleologia da Costa Azul (NECA) em grutas de Sesimbra. Mais informações no blog do NECA →.
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Rare centipede discovered by Núcleo de Espeleologia da Costa Azul (NECA) in one of the caves of Sesimbra.
Marginal poente de Sesimbra, algures entre o final dos anos 60 e início dos 70. Note-se a extraordinária ausência de areia, provocada por um forte vendaval, que deixou rochas à vista, bem como uma correnteza de sapatas e saídas de esgoto. As sapatas ainda existem, mas apenas com rampas paralelas à muralha.
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Seaside of Sesimbra, with a frightening view of the beach... without sand! The cyclical withdraw of sand is expected in Winter, but in that year (in late 60s/early 70s) a heavy storm took it all!
Passagem de ano subaquática em Sesimbra: as lanternas de um grupo de mergulhadores desenharam o novo ano de 2008. As actividades de mergulho desportivo têm vindo a aumentar em Sesimbra: veja fotos do flickr →
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Welcoming the new year from underwater: in Sesimbra bay, a group of divers draw '2008' with flashlights. Sesimbra is becoming an important center of scuba diving: see photos at flickr →.
O cantor e autor Caetano Veloso já tinha feito referência, num seu livro de 1997 — "Verdade Tropical" — a uma visita que fizera a Rafael Monteiro, no castelo de Sesimbra, e da impressão que lhe causara esse encontro. O mesmo acontecimento ressurge no seu livro "O Mundo Não é Chato", colectânea de artigos de várias décadas. A referência a Rafael Monteiro está incluída no texto de uma conferência realizada em 1993 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Caetano Veloso questiona qual o papel que o Brasil poderá ter no mundo, ou seja, para transformar o mundo num lugar melhor, e recorda Fernando Pessoa e Agostinho da Silva, a propósito do papel civilizador que estes pensadores reservavam para a língua portuguesa, para os povos de língua portuguesa. E a referência a Rafael Monteiro surge nesta mesma linha de pensamento. Contudo, melhor do que eu poderia alguma vez fazer, o Pedro Martins contextualiza as palavras de Caetano Veloso num texto do blogue Maranos, cuja leitura aconselho. Ao contrário do que se poderia pensar, o legado de Rafael Monteiro não se resume à "explicação" que ele fez de Sesimbra, a qual muitos repetem (até porque ninguém foi capaz de propôr outra), sem se aperceberem de que a ele a devem. Rafael Monteiro, tal como muitos dos seus amigos filósofos — Agostinho da Silva, António Telmo, Orlando Vitorino — tiveram a clara percepção do beco-sem-saída para onde nos conduzia a modernidade racionalista. Isso levou-os a travar uma luta desigual contra a tendência dominante da sociedade portuguesa, apostada primeiro em destruir o regime salazarista em troca de um modelo de sociedade colectivista, e depois, mais recentemente, submetendo-o ao programa de modernização tecnológica e produtivista proposto pela Europa tecnocrática, ainda que à custa dos valores fundamentais que nos definem como portugueses — ou seja, ainda que à custa da destruição de Portugal. Caetano Veloso, no seu texto, exprime, relativamente ao Brasil, exactamente a mesma questão que Rafael Monteiro se colocava a propósito de Portugal: como pode evitar ser engolido pela civilização tecnológica dominante? O facto de Caetano evocar Rafael a esse propósito, é algo que diz muito acerca do grande valor deste sesimbrense. E é importante. Não por Caetano ser um brasileiro famoso, que esteve de passagem no castelo de Sesimbra, a caminho de Londres, exilado pela ditadura militar brasileira, e ter sido acolhido cordialmente pelo "velho alquimista". Mas porque a pergunta persiste. E a pergunta é para nós.
Meteorologia para amadores Passaram a estar disponíveis na barra lateral, imagens de satélite (Eumetsat) que permitem alguma indicação sobre o estado do tempo. Como a mancha de nebulosidade se desloca normalmente para a direita da imagem, isso permite a um leigo habilitar-se a fazer previsão meteorológica — e habilitar-se também a errar. Errar é humano. Esta informação é retirada da página do instituto de meteorologia espanhol. O Instituto Português de Meteorologia disponibiliza também imagens sobre nebulosidade e estado do mar. Consulte também a página da Eumetsat.
Foto enviada por [sent by] Marsilio Maria Rosa, de Novara (Itália):
«Grazie al vostro sito ho scoperto mille amici nel mondo!! grazie! Mi sono innamorata del Portogallo, negli ultimi due anni ho passato le vacanze da voi. Nel 2008, nel mese di giugno/luglio, vorrei trascorrere una settimana a Sesimbra (siamo due adulti e due bambini di 11 e 10 anni) Mi consigli una buona sistemazione? noi atterriamo a Lisbona e poi ci spostiamo a Sesimbra in auto. Grazie.»
(quem estiver interessado em responder a este pedido de uma sugestão de alojamento, pode contactar-me que eu enviarei o email da senhora Marsilio)
Sesimbra, por fora e por dentro: as grutas, a fauna cavernícola e a sua ecologia
Ana Sofia Reboleira, Fernando Correia
"Povoadas por inúmeras lendas e mitos, as grutas são cápsulas do tempo que conservam importantes registos para a construção da nossa identidade, dado que os seres humanos aqui se abrigaram nos princípios da humanidade e deixaram vestígios pré-históricos para memória futura da sua presença", explica Sofia Reboleira. "Mas, talvez mais importante que o passado, é dar a saber que estas albergam hoje estranhas formas de vida, permitindo reinterpretar a história da vida na terra e de como ela se transforma para sobreviver em ambientes tão inóspitos e extremos.", afirma ainda a especialista em fauna cavernícola.
"Exatamente por o tema ser tão singular e estranho, tivemos especial cuidado em criar e estruturar esta obra segundo uma linguagem acessível e motivadora, embora funcional e construtiva no edificar de um saber especial", argumenta Fernando Correia. O responsável pela ilustração da obra salienta: "Fizemos um grande esforço para que isso mesmo sobressaísse quer no discurso escrito, quer ao nível visual, por forma a impulsionar a leitura, e, de caminho, ajudar também a promover a exploração do concelho sob outros olhos. Procurámos construir um livro que cativasse e ensinasse de forma entusiástica — mas sem que pareça uma lição ou sem perder a necessária objectividade e correção científica — e onde a forma como se divulga a Ciência mais atual seja a adequada para a multitude de públicos a que a destinámos."
Além do especial cuidado dedicado ao texto escrito por ambos os biólogos (que contempla várias investigações desenvolvidas no concelho), foi feito um grande esforço para ilustrar profusamente o livro com imagens também inéditas, fotografias e ilustrações, esteticamente interessantes e sumamente didáticas (ao qual se adiciona um design sóbrio, mas fluido).
De realçar que as ilustrações são ilustrações científicas e, como tal, criadas propositadamente para complementar e, às vezes, suplementar, o discurso científico da obra, tornando-a, na perspectiva de um todo, muito mais completo e instigante à descoberta.
Os homens do mar de Sesimbra são sábios. Sempre souberam transmitir o seu conhecimento aos aprendizes atentos, aos capazes,
como escreveu Álvaro Ribeiro, de aceitar a audiência antes da evidência. Grau a grau, ou degrau a degrau, se ascende de moço a arrais, passando por companheiro.
Rafael Monteiro
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Gama, Cão ou Zarco
Não nasceram aqui.
Quem nasceu aqui foi o barco.
António Telmo
Marés em Sesimbra / Tide table [ mare.frbateaux.net ]
Fotos TrekEarth Photos.
Pesqueiros de Sesimbra (fishing sites)