Parque marinho em causa
Segundo notícia do jornal Público duas organizações ecologistas (Quercus e Liga para a Protecção da Natureza) alertam para a possibilidade do processo de implementação do Parque Marinho da Arrábida (criado pelo DR 23/98) poder vir a sofrer um retrocesso, com a sua possível desclassificação.Seria mau que assim acontecesse. Mas as organizações ecologistas também têm as suas culpas neste processo. Agora afirmam que:
"Por incapacidade governativa de compatibilizar todos os interesses o Governo prepara-se para propor, no plano de ordenamento da Arrábida, uma redução substancial da Área Marinha Protegida existente, o que leva, na prática, ao desaparecimento do parque marinho".De facto a criação daquele Parque mexe com uma série de interesses legítimos (como os da comunidade piscatória de Sesimbra) que aconselham a um processo de concertação sério e profissional. A direcção do Parque Natural da Arrábida conduziu o processo de modo burocrático, opaco e arrogante. Mas as organizações ecologistas, e nomeadamente a Quercus, ajudaram muito ao clima inflamado dos debates públicos que, em última análise, contribuíu para o impasse que se verifica e para o retrocesso que se anuncia.
São necessárias organizações ecologistas actuantes, mas é também imperativo que façam o "trabalho de casa" e não que se limitem atirar gasolina para o meio do fogo. Agora, com as coisas a andarem como andam, é fácil e oportuno clamarem que "tinham razão".
Pois se tinham, arriscam-se a perdê-la.