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quarta-feira, novembro 30, 2005

Muito Mar

Realiza-se no próximo dia 3 de Dezembro (Sábado), pelas 17h00, no Auditório Conde de Ferreira, em Sesimbra, o lançamento do livro “Pescadores de Mar Muito”, uma obra da autoria do Dr. Arlindo Mota e de João Martelo, que relata a vivência da comunidade piscatória Sesimbrense, com testemunhos na primeira pessoa, do Sr. Ângelo Sobral Farinha, antigo pescador e notável artesão.

Preços do peixe na Galiza


O governo da Galiza tem disponível na Internet os preços do peixe vendido em diversos portos daquela região; a informação inclui o preço médio de cada espécie, bem como o preço mínimo e o preço máximo que atingiu num determinado dia. A informação encontra-se disponível aqui.

Limites à pesca

A Comissão Europeia propôs reduções Totais Admissíveis de Pesca para as espécies capturadas em águas nacionais em 2006. A proposta prevê reduções de 10% nas capturas permitidas de lagostim, 15% de carapau, tamboril e biqueirão, e 20% de badejo. Para as capturas de linguado, solha, arinca e maruca Bruxelas pretende manter o esforço de captura e propõe um aumento de 12% no caso da pescada.

No caso do carapau, Bruxelas propõe uma redução de 15% na costa de Portugal Continental, de 20% nos mares da Madeira e a manutenção do actual esforço das capturas nos Açores. A decisão final sobre os Totais Admissíveis de Captura será tomada na reunião dos ministros das Pescas dos 25, nos dias 20 e 21 de Dezembro, em Bruxelas.

Notícia do Jornal de Notícias

segunda-feira, novembro 28, 2005

sábado, novembro 26, 2005

Arte xávega na Costa da Caparica

         De novo o Deus te guie fez proa ao mar, e o calador foi folgando cabos e pondo coiros a flutuar de oito em oito cordas. O arrais pediu fósforos, chegou o lume ao morrão do caldeiro e fez sinal para terra. Deu o brado de «ninguém reme!» e apagou a chama.
         Houve um silêncio no Deus te guie... E o espadilheiro bateu com a pá na água.
         — Abriu! Abriu peixe! — chamaram os remos, batendo cada um, depois, com gana.
         Mas os arrais berrou:
         — Ninguém bate! Aqui,quem dá ordes!?
         Fez-se tamanho silêncio que só o marulho das águas tem rumor. A bica da vante está voltada ao sul. As mãos do calador atam a corda à rede.Vão descer as primeiras malhas... Todos se descobrem. E o arrais diz:
         — Vai em louvor de Nossa Senhora do Cabo!
         Braça a braça, as pandas da rede tocam na água e todo o tecido é luz, é prata, fosforecendo em todos os quadradilhos e rasgões. Cortiças sobre cortiças caiem das mãos do calador; chumbos sobre chumbos, das do vareiro, que fez novo trajecto da vante à ré. Num ritmo calmo, compassado, os remos são puxados com brandura. Tem garbo, tem galhardia, assim, o meia-lua, a singrar para o sul! Chega a vez de o saco, de malhas fechadas e escuras, ser arrumado pela borda fora... E é que é mesmo - mas pela borda contrária. A espadilha flecte agora numa manobra: o cerco acentua-se. Rema-se na sóta um pouco mais. A proa do Deus te guie já está feita a terra. Manel da Palmira desembaraça-se da segunda manga do derradeiro braço... Agora, folga a panda barca!
         — Eh, gente! - grita o arrais - vamos arrincar!
         — Força!... Força!... — E o espadilheiro esgalga o tronco, incitando a malta dos remos:- Upa! Upa! Força!... Ai qu'é peixe!...
         Na praia, a parte da companha que pertence a terra mete-se à água, arregaçada. O da chama de petróleo ergue o braço, e põe um clarão sinistro no rosto dos que o rodeiam. Há uma algaraviada de palpites e ralhos. Cabazeiros e almocreves, transportando recoveiras, canastras e sarricos, esperam o meia-lua. Três catraios, endemoinhados, brincalhões, salpicam o pessoal nas correrias. Barafusta-se. Sobem ameaços. Mas o jogo continua...
         O Deus te guie vence a rebentação e aporta de ré. O grosso dos homens bota pés à cinta e pula para o areal. Toda a companha se divide em dois grupos: o da banda panda e o da panda barca. Situam-se a uma distância como duzentos metros. Os fedelhos voltam os xalavares e os homens escolhem o seu cinto para para o puxa-puxa. O arrais percorre os dois alares, a saber distâncias. E berra:
         — Ala a panda barca!
         O pessoal do sul, firmes os cintos, e, de peito ao mar, recostado na tala de lona, recua, recua...
         Três aselhas e seis nós, cicatrizados na corda, chegam ao mar. Uma voz avisa o arrais:
         — Á mestre, caçámos trinta e seis cordas!
         Trinta e seis cordas, na panda barca, significa que foi atingido o par com o lado norte, vindo a rede, agora direitinha para terra.
         — Ala da banda panda!
         E os homens, às arrecuas, passinho sobre passinho, calcanhares firmados, troncos recostados, puxam as sirgas. Cada um, ao dar por findo o seu reboque, liberta a roldana e volta ao princípio. Vai caindo corda morta no areal, de ambos os lados. Mas, tanto na panda barca como na banda panda, está um catraio a dar-lhe a arrumação devida. Zé Agulha ganha três quartos de parte, e é tão cauteloso naquele enrolar em óculo que, braço enfiado pelo meio, logo a transportaria, inteirinha, sem risco de enlear-se.
         Um coiro, túmido e acastanhado, surge a lume de água, escorrendo limos:oito cordas vencidas ou sejam cento e quarenta e quatro braças. Pés fincados na areia resvaladiça, braços cruzados sobre a arca do peito, os homens forcejam, mas a sirga cede tão lentamente como se arrastasse os infernos. O suor já camarinha pelas carnes. As bocas, cerrando-se a cantigas, só de tempos a tempos praguejam - e gemem, gemem, de arreganhos.
         No céu há uma nova claridade: começa a aparecer a lua na crista da rocha. A manhã esfria - cada vez mais fria... E enregela a cara e as mãos dos homens. De tão esticada, a sirga parece cabo de aço, vindo continuamente babujada de sargaço e mexoalho.
         — Atrasar dessa panda! — berra o arrais para os do norte.
         Os pés amortecem de ligeireza, mãos nas talas, caras postas na névoa, que branqueia agora o céu. As sirgas vão-se aproximando, cada vez mais, cada vez mais. Zé Agulha e o camarada da outra panda pararam de enrolar. Novo berro do que manda:
         — Eh, gente! É puxar!... puxar!...
         As duas filas de pés são tomadas de ganas. Pressente-se a sirga a ser ganfada aos sacões, e os corpos bamboleiam-se todos, de vergados, às arrecuas, aos solavancos. Gemem-se cadências, roncos de quem tem falta de vigor.
         — Puxa!... Agora!... Lá vem!... Vem!...
         Velhos ressequidos, malteses, rapagões, catraios - são todos comparsas daquela tracção medonha, infindável. A claridade da lua torna os fogachos de petróleo mais sangrentos. Lamúria de fado, que logo se engasga, guinchos supersticiosos - saiem da turbamulta estafada e ansiosa. Mais umas braças, e as primeiras malhas surgem à flor da água. Os pés tomaram há pedaço dois caminhos: para trás e para o lado. Agora, mais para o lado do que para trás! Trinta, quarenta metros - as pandas não estão a maior distância. Há gente que vai pela água dentro e vem de lá a puxar. A voz do arrais é abafada:
         — Puxa!... Agora!... ai qu'é peixe!...
         Surgem os braços da arte e a grita redobra. Num atropelo, a malta precipita-se para a rebentação, encharcando-se. E o alar passa a ser à mão, com gana, peitos para a frente, entestando o chão.
         — À finca!... À finca!...
         Com a água pela cintura, pouco se caminha: é puxar com as mãos ambas, puxar, puxar...
         — Eh gente!... À finca! À finca!...
        Vem uma onda e encharca os pescadores. Os dedos ganfam as malhas num frenesim, num delírio.
         — Agora!... Agora!... À finca!...
         Mais uns arrancos, e o saco, de goela escancarada, veio de rojo para seco, numa barafunda de grita e encontrões. O interesse de muitos olhos debruça-se sobre o trambolho escuro e vasquejante. O arrais meteu mão às malhas, sacudiu água e lixo, mas retirou o semblante contristado.
         — Carapau reles... Nã dá quatro cabazes...
         — Nã dá quatro cabazes... — repetiam os homens, cabisbaixos, sacudindo o encharcado dos andrajos.
         De recoveira e canastras ao ombro, os almocreves tocaram pés no pescado, caçoando:
         — Á abílio, quanto queres por isso? Trinta malréis tá bem pago!...
         O arrais não deu resposta: gambiou pelo areal a dar novas ordens. — Era recolher, de novo, a bordo, as cordas, os coiros e a rede, pois, mal a lota findasse, iriam tentar novo lance ao ver de dia.
         Um descontentamento minava os homens, já de ralé perdida para novas andanças.
         Vultos sumiam-se, à socapa, para as dunas...

In Calamento, de Romeu Correia (1950)



As seguintes fotografias da arte xávega, tiradas na Costa da Caparica em 2004, podem ser vistas no blogue "Uma por rolo":
| puxando a sirga | escolhendo o peixe | enrolando a corda | escolhendo o peixe | escolhendo o peixe | saco | colocando o peixe em caixas |

O fotógrafo Francisco Castelo também tem uma série de imagens sobre da xávega na Meia Praia (Lagos), que podem ser vistas aqui.

sexta-feira, novembro 25, 2005



Crédito: Sur le zink

segunda-feira, novembro 21, 2005


[ clique para ampliar ]

O exemplo da Mata de Sesimbra


A empresa Pelicano é responsável pela parte sul do projecto da "Mata de Sesimbra" (a zona norte é da responsabilidade da Sociedade da Herdade da Apostiça - ver mapa da Mata de Sesimbra).

Apesar da constestação que grupos ecologistas portugueses têm feito a este projecto, a empresa Pelicano estabeleceu uma colaboração com a "World Wildlife Fund", uma grande organização ecologista internacional, que apoia o projecto da Mata de Sesimbra dadas as suas características de sustentabilidade ambiental: baixa densidade de ocupação, edifícios bem integrados numa zona verde, medidas para utilização racional dos recursos, redução do tráfego automóvel, etç.

O projecto da Mata de Sesimbra encontra-se já numa fase avançada, estando neste momento diversos organismos da administração central a fazer a sua apreciação, após o que haverá um período de consulta pública.

Entretanto a empresa Pelicano, após a experiência adquirida com o projecto da Mata de Sesimbra, ganhou um concurso para a construção de sete eco-cidades europeias. Segundo um dos responsáveis da Pelicano, uma casa construída com preocupações de sustentabilidade ambiental poderá custar entre 5% a 10% mais cara do que outra normal. «No entanto, com as poupanças em energia e outros factores, o proprietário amortiza a diferença em três anos». Veja a notícia no Diário de Notícias.

Outras informações sobre o projecto da Mata de Sesimbra:
  • Informação da Naturlink
  • Notícia do Correio da Manhã
  • Notícia da TSF
  • Plano de Gestão Ambiental - AFLOPS
  • Informação da Quercus

  • Rampas


    [ clicar ]

    Dois proprietários de um barco semi-rigído, o Fliper (ver imagem) tiveram a iniciativa de colocar na internet uma página sobre as rampas de varação de barcos existentes em Portugal. A rampa do Porto de Abrigo de Sesimbra encontra-se aqui.

    Trata-se de uma ideia simples e de grande utilidade. Oa autores da página utilizaram os conhecimentos que adquiriram com a sua actividade náutica e, desta forma, proporcionam um serviço público inestimável. Parabéns pela iniciativa!



    Fotografia do barco "Desterrado",
    que encalhou na praia de Sesimbra.
    [imagem do blogue Pexito]

    sábado, novembro 12, 2005

    Preço dos combustíveis

    Vinte associações de armadores de pesca decidiram hoje exigir ao governo que encontre formas de ajudar a frota nacional, prejudicada com o aumento do preço dos combustíveis, a ser mais competitiva em relação a Espanha e França, países que subsidiam o preço do gasóleoem níveis superiores ao que se faz em Portugal.

    "Obtivemos hoje a confirmação de que o ministro da tutela nos vai receber na próxima quinta-feira e esperemos que haja um sinal claro e inequívoco de que serão encontradas medidas para que a frota nacional possa competir em pé de igualdade com os países mais próximos", disse à Lusa Humberto Jorge da Associação de Armadores de Peniche. A não ser assim temos que encontrar outras formas de luta".

    Notícia no Agronotícias

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