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Quando todas as ruas eram Ruas dos Pescadores
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Cubos alinhados No alto do morro, Deitados ao sol, São barcos cansados Pedindo socorro, Sem verem farol. Casa caiadinha Pequenina, embora, Constitui um lar. Lembra uma velhinha Espreitando cá fora O sol a chegar. Gemem velhas preces Os tectos ao vento, Batidos sem dó. São as almas desses Que sem um lamento O mar já levou. A noite está fria, Não há agasalho E o mar fica longe. Quem não quereria Trocar o tabalho P'la vida do monge! O mar não dá peixe, A casa é sem pão, O ralho é comida. Ai!, quem não te deixe Outra profissão!... Que raio de vida! Manuel J. Palmeirim |
O Cutty Sark foi consumido pelo fogo esta madrugada. Este famoso veleiro com 64,6 metros de comprimento foi construído na Escócia em 1869. Os seus primeiros anos de vida foram passados na denominada "rota do chá" entre a China e a Europa, participando na verdadeira regata que existia entre os barcos daquela carreira. Ficaram famosos os seus despiques com o veleiro Thermopylae (que se encontra afundado na baía de Cascais). O Cutty Sark fez a sua última viagem nesta carreira em 1877, pois a abertura do Canal de Suez cedera a vantagem aos navios a vapor.
Os anos seguintes foram passados a transportar cargas diversas. Em 1895 foi vendido a Portugal, onde foi rebaptizado como "Ferreira" - embora as tripulações preferissem chamar-lhe "Camisola Pequenina", que é a tradução literal de "cutty sark". Durante as três décadas seguintes fez transportes regulares entre o Porto, Nova Orleans e Lisboa, ao serviço das possessões coloniais portuguesas. Em 1920 foi vendido a outra companhia portuguesa e rebaptizado como "Maria do Amparo".
Em 1922 foi a Inglaterra para reparações. Aí chamou a atenção do Capitão Wilfred Dowman, um marinheiro da Cornualha que, como grumete em 1894, o tinha visto rasgar os mares a todo o pano, uma impressionante imagem que ele nunca mais esquecera. Estava em tão mau estado que o Capitão Dowman conseguiu adquiri-lo aos proprietários portugueses por bom preço, após o que o restaurou, passando a ser utilizado como navio-escola. Em 1954 foi levado para uma doca especialmente construída em Greenwich, Londres, onde tem estado disponível para visitas do público. Desde Novembro passado, no entanto, estava fechado e a ser submetido a uma grande restauração.
Veja o video do fogo na Sky news »». Página oficial: »»».
Bilhete postal com a antiga "praia da Doca" repleta de banhistas. Actualmente a maior parte desta praia desapareceu com os aterros das instalações portuárias, restando apenas um pequeno troço que já não é utilizado para banhos. No bilhete postal é designada como "praia nova" precisamente por ter nascido poucos anos antes, devido à movimentação natural das areias provocada pela construção do pontão do farol.
Antes da construção dos pontões (para além do pontão referido já tinha existido, pelo menos, um outro mais pequeno) e do corte na falésia para abertura da "estrada da Doca", esta zona, conhecida como "Angra", era muito rochosa e de difícil acesso, motivo pelo qual os barcos de pesca fundeavam frente à vila e varavam na praia, sendo recolhidos nas ruas quando se adivinhava temporal.