«O mar, ganha-pão de Sesimbra e também seu mortal inimigo, furioso e desmedido, galgou a muralha da estrada marginal, descortinando-a na extensão de mais de duas centenas de metros, levantou o empedrado e obstruiu-a com pesados blocos, arrancados da muralha.
Não satisfeito com isso, varreu as embarcações que se encontravam abrigadas com a muralha, destruindo por completo algumas e danificando muitas outras [...] Em fúria sempre crescente, saltou o paredão que há anos serve (?) de molhe de abrigo e afundou nove embarcações de maior tonelagem que Sesimbra possui. Eram elas pertença dos srs. José Joaquim Pascoal, Aquiles Rodrigues, Joaquim Silvestre Farinha, herdeiros de José António Preto, Adrião do Ó Francisco Neto, Alberto Graça, José Martins do Carmo, de Setúbal, perdendo-se também três saveiros de Setúbal. [...]
No campo os prejuízos foram também elevados. Centenas de árvores o vento arrancou pela raiz; mais de uma dezena de casas térreas foram arrasadas; as culturas perderam-se e os postes telegráficos e telefónicos vergaram e alguns cairam, interrompendo as comunicações com o país.
Em toda a parte reina a fome e a miséria. Grupos de crianças percorrem as ruas, implorando um pouco de pão. Mas quem lhes pode dar, numa terra em que todos foram atingidos pela catástrofe?» [...]
7 Comentários:
Repararam na qualidade do texto ?
Parece que estamos a viver outro ciclone.
Quem sabe como, quando e se acabará...
Esperem pela pancada ...
Deus queira que não mas se este tempo voltar.
Aqui neste cantinho que nós vivemos só passa fome quem quizer!
terra não nos falta pra cultivar,e temos o mar para pescar.
Só se os senhores do parque marinho não nos deixarem!
Os antigos dizem-me que nesse dia o mar chegou ao largo da Camara e que ficou um peixe penso que foi um cherne aprisionado no Restaurante do Toni.
O Pai do Marques de Calhariz, na altura matou a fome a muita gente e deu a madeira para reconstruirem as embarcações afectadas pelo ciclone.
Creio que esses acontecimentos se referem ao ciclone de 1941. Nessa altura os Duques de Palmela ajudaram com comida e oferta de madeira da Quinta de Calhariz. Por causa disso foi colocada uma placa de agradecimento, declarando-os "beneméritos" de Sesimbra, no largo que já tinha o seu nome. Após o 25 de Abril, como é sabido, mudaram o nome ao largo.
Muita coisa que se mudou a seguir ao 25 de Abril, não teve fundamento, será que não está na altura desse largo voltar a ter o nome original.
Damos nomes a ruas de Sesimbra a pessoas que nada fizeram,e a casa de Palmela que tanto fez em tempos deveria ser reconhecida.
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