Soube hoje do falecimento do António Garcia Castanheira, meu inesquecível companheiro da juventude.
Engenheiro de profissão, o Castanheira tinha grande dificuldade em lidar com a burocracia e a hipocrisia das instituições, e por isso enveredou por aquela sua actividade profissional de empresário em nome individual, que desde o seu casamento desenvolveu com a estreita colaboração da sua companheira Fernanda. Mas até mesmo neste domínio, nunca quiz submeter-se a quaisquer estruturas ou rotinas, mesmo que fossem da sua criação, e manteve-se por vontade própria como pequeno empresário, criativo e humanista, dedicando-se a um sem número de ramos de negócio, mas mantendo-se suficientemente livre para, se assim o entendesse, ficar na conversa com os amigos durante o tempo que entendesse, ou deslocar-se para distantes paragens, sem com isso prejudicar a vida de ninguém.
Uma vez acompanhei-o numa visita à terra de origem dos pais, creio que na zona da Lixa. Naqueles dois dias que por lá estivémos conheci uma faceta algo surpreendente da sua vida. Sendo, juntamente com a sua mãe, proprietário de terras naquela região, uma grande quantidade de gente que lá trabalhava tratava-o com a deferência devida a um grande proprietário agrícola. Eu nem queria acreditar: o Castanheira que eu conhecia de Sesimbra, pouco preocupado e até desprezando a pirâmide social da vila (muito rígida, nessa altura), era ali tratado como uma pessoa de grande estatuto social. E ele, claro, ria-se da minha basbaquice.
Parte da minha educação musical da juventude, naqueles anos 60 e início dos 70, devo-a ao Castanheira, que tinha lá umas artes de arranjar os discos importantes antes mesmo de passarem na rádio - e mesmo de muitos que não passavam. Aconteceu assim com David Bowie, de quem eu nunca tinha ouvido falar. Frequentemente as coisas passavam-se assim: num qualquer dia da pacata vida sesimbrense, aparecia o Castanheira e dizia: "É pá, anda lá acima a minha casa". E, sem mais explicações, lá íamos nós de carro até à vivenda onde morava, ali entre Santana e a Cotovia. Lá chegados, punha a tocar um disco ou o seu magnífico gravador de bobinas, e era sempre uma maravilha: músicas excepcionais, em geral nunca desconhecidas, com uma qualidade de reprodução de que não dispunhamos em mais nenhum lado. E ali ficávamos a ouvir, sem grandes conversas, mergulhados naquela magia duma música miraculosa. De tudo o que ali descobri lembro-me especialmente do David Bowie, de quem nunca ouvira falar antes, e que também nunca passou muito na rádio em Portugal, nessa fase.
Os festivais de Jazz de Cascais constituíram outra das aventuras feitas a meias. O Castanheira era um amante de Jazz, música de que tinha igualmente muitas horas gravadas. Os primeiros Festivais de Jazz de Cascais eram maratonas de imensas horas, ao longo de vários dias, com músicos de renome mundial. Só com a ajuda do Castanheira foi possível absorver aquela quantidade de notas de uma música que me era algo estranha. Ainda há pouco tempo ele me levou à sua nova casa, uma grande vivenda no Caminho Branco, toda em piso térreo, concebida por ele ao mais ínfimo detalhe, e onde um estúdio de música tinha um lugar privilegiado.
Apresento as minhas sentidas condolências à família, particularmente à Fernanda e ao seu jovem filho. É uma grande perda; era um grande homem e um grande amigo, o Castanheira.
Fotografia de cocolinda, que faz o seguinte comentário: «Não sabia que existia uma comunidade portuguesa tão grande em Montreal até que Portugal ganhou à Holanda num dos jogos do Mundial de Futebol. O Saint-Laurent Boulevard ficou cheio com portugueses muito contentes, celebrando a vitória.». Veja a foto em formato grande.
A Associação de Socorros Mútuos Marítima e Terrestre da Vila de Sesimbra já tem o seu blogue, com o título de "ASMMT da Vila de Sesimbra", iniciado hoje com uma pequena biografia do professor Manuel Nabais. Aqui deixamos votos de longa vida ao novo blogue.
A Ana Sousa é uma das autoras do blogue O rasto das minhas aprendizagens, e frequenta o curso de Ciências da Educação, de cujo andamento vai dando conta no blogue. Um dos últimos trabalhos foi a análise de projectos curriculares de escola, tendo sido analisada uma escola de Sesimbra, a qual, «de um modo geral, e sintetizadamente, não cumpria com todos os parâmetros necessários».
Uma das consequências de tanto trabalho é um grande cansaço, que a foto documenta.
A Câmara de Sesimbra vai iniciar a publicação de uma colecção de livrinhos sobre o património do Concelho, com fotografias de José Arsénio, colecção cujo lançamento terá lugar no próximo Domingo, pelas 18h:00, no Espaço Atlântico.
Aprecio muito as fotografias do José Arsénio, ainda que me pareça que ele se expressa melhor no domínio do preto-e-branco do que na fotografia a cores, como será o caso desta publicação. Não posso ir ao lançamento mas aqui fica o meu agradecimento pelo convite e a promessa de, logo que for possível, olhar com atenção para este primeiro exemplar da Colecção Patrimónios.
A Ana Pires andou pelo Cabo Espichel e tirou as usuais fotografias aos edifícios e à magnífica paisagem, mas não se esqueceu dos seres aparentemente mais insignificantes, mas igualmente interessantes.
Podem-se ver mais fotos do Cabo na sua página Ana's Site. Também a podem ver a cantar, com os seus colegas de escola, duas conhecidas canções em latim: "Heus, oliua montana" e outra, cujo nome me escapou. A letra de uma das canções encontra-se aqui.
A autora do blogue Caderno Vermelho, está actualmente em Nova Iorque, a estudar, ainda um pouco impressionada com o grande "salto" que deu para o lado de lá do Atlântico:
«Tento não pensar muito no caso e viver o dia a dia como o fiz em tantos outros locais: Tomar, Guimarães, Ferrara, Lisboa, Sesimbra...enfim... e os dias vão passando tal como se passavam nesses sítios.»
Não é a primeira vez que sai do país: viveu algum tempo em Itália, na cidade de Ferrara, talvez devido à influência de pessoas que conhecera em miúda:
«De férias em Sesimbra desde os tempos remotos em que mal me segurava de pé na areia, achou-me certa dia uma certa piada uma italiana que devia ter jeito para os míudos. Ano após ano, férias após férias a relação entre o casal de italianos lá foi ficando e crescendo. Talvez por sua influência desde pequena dizia que o meu país de sonho, era a Itália.»
Agora vive na Grande Cidade, onde sente a falta de algo essencial:
«"A vizinhança". Aqueles a quem batemos à porta para ir tomar café. Ou para combinar um jantar, ou beber uns copos. Faltam-me actividades extracurriculares que me preencham o dia a dia. Aquilo que realmente faz sentido.»
Mas não é nada de grave. Afinal:
«Sinto-me como se este [sítio ] já me pertencesse um bocadinho. Tal como Tomar, Guimarães, Ferrara... etc., me pertencem»
Já falámos aqui da Cactinha: tem 17 anos e vai mudar-se para Sesimbra. Acontece que ela não conhece aqui ninguém, pelo que se apela aos jovens pexitos para que ajudem a jovem a conhecer esta bela vila. Vá lá, que é uma rapariga simpatica... boa amiga... resumindo: uma rapariga à maneira. Podem comunicar com ela através do seu blogue Vanessa Oliveira.
Quanto a nós, desejamos-lhe uma longa e feliz vida em Sesimbra.
João Cezimbra Jacques nasceu em Santa Maria, no estado brasileiro do Rio Grande do Sul, no dia 13 de Novembro de 1849. Tendo os seus pais falecido muito jovens, foi criado, juntamente com dois irmãos, pelos avós paternos.
"Indiático, pouca barba, a sua fisionomia tinha traços do silvícola nacional"; era ainda. "original, excêntrico, respeitável por todos os títulos, gozava de alta consideração no meio social.", segundo depoimento de um seu amigo. Em 1867, com apenas 18 anos de idade e à revelia dos avós, alistou-se no 2º Regimento de Cavalaria, que passou a integrar o 3º Corpo do Exército Brasileiro que operou no Paraguai. Finda a guerra, retornou ao Brasil como 2º Cadete do 4º Regimento de Cavalaria, tendo sido condecorado com medalhas conferidas pelos governos do Brasil, Argentina e Uruguai.Ingressou depois na Escola Militar. Terminou a carreira militar activa no posto de Major, sendo postumamente elevado ao posto de Tenente-Coronel.
O pioneirismo de João Cezimbra Jacques revelou-se em diversas actividades e iniciativas. Integrou o elenco de intelectuais gaúchos que fundou a Academia de Letras do RS, onde ocupou a cadeira de Crítica e História. Fundou o Grémio Gaúcho, primeiro núcleo do culto sistematizado das tradições sul-riograndenses; foi um dos primeiros gaúchos a escrever sobre o problema social. Foi um dos fundadores do Partido Republicano no RS (1880). Fez parte dos primeiros adeptos do Positivismo: discípulo convicto de Augusto Comte, revela seus ideais em vários ensaios sobre política e assuntos locais.
Falava muito bem o Guarani e possuía bons conhecimentos do Caigangue, o que lhe permitia dialogar com representantes dessas tribos. Era uma espécie de cônsul dos aborígenes semi-civilizados. Entusiasta e excelente tocador de viola, era grande conhecedor das danças antigas, cujas características – coreografia, música e letra – recolheu nas suas andanças. (Texto adaptado de Homenagem a João Cezimbra Jacques.)
«Entrei no mundo da música pesada há 8 meses e desde aí não oiço outra coisa!!! Sou de Sesimbra, tenho uma barriga descomunal, 17 anos, gosto de estar com os amigos, sair, futebol, ouvir música, animes (nada de badalhoquice LOL), informática... coisas normais de um tipo "pacato". Os meus estilos de metal favoritos são o folk e o viking metal, mas também gosto de death e alternative metal. As minhas bandas favoritas são ensiferun, equilibrium, moonspell, avenged sevenfold, finntroll e tool. Espero que gostem do que irei "postar" daqui em diante.»
«hj foi..finalmnt a apresentaçao de hip hop na praia de sesimbra, correu melhor do k eu xprva, tava super nervosa mas correu lindamnt pa kem so anda a 6 meses a dançar hip hop isto foi mt bom, embr eu gst + de..dançar entre nos mas como se fosse 1 competiçao, um desafio, mlhr como vemus nakeles videoclips norte-americanos como se fosse uma disputa em k cada um faz akilo em k e mlhr,dançou tb 1 grupo de hip hop da kinta do conde..foram d + gstei bue de ve-los...parabens mm!!lol...o paulinho tv mm nervoso..e tv pior k nos tdas juntas...ya eramus so gajas e ele o unico gaju..lol.. mas gstei mt..apesar de n olhar po publico..tv super nervosa! acabei a coreografia bueee cansada e xeia de sede..e axu k era fixe se tivessemus la + tempo!»
A peça foi representada por uma parceria de actores profissionais e amadores locais, dirigidos pela actriz São José Lapa, que conduziu pessoalmente os espectadores ao longo dos vários palcos em que a peça decorre, no ambiente natural das Angucheiras, com o mar do Espichel à vista. A representação teve início ainda de dia e acabou já noite cerrada, e esta modificação natural de cenários, no tempo e no espaço, é um dos aspectos mais interessantes daquele Sonho das Aguncheiras.
A mistura de actores profissionais e amadores, de um modo geral, resultou muito bem. A peça de Shakespeare, que é muito divertida, tem também como aspecto central um grupo de amadores que fazem uma representação teatral medíocre para os nobres. Neste caso pudemos então assistir a algo verdadeiramente original, insólito e divertido: actores amadores, desempenhando as personagens de actores amadores que representam mal - e para isso os actores amadores da Azoia tiveram que representar mesmo muito bem! Foram de facto muitos os momentos hilariantes que se geraram ao longo da representação.
Não sei se é actor amador, mas a personagem de Nicola Canelas fazia lembrar muito a declamação característica das cégadas do Meco. Tanto assim foi que, durante a peça, me deu uma grande vontade de ir dali directamente falar com o Mário Rui para fazermos uma cégada, ou coisa parecida, que fosse ali um dia levada à cena, ou melhor, ali levada ao bosque.
«Sesimbra continua a ser a minha praia preferida, e não fosse o vento que trouxe a areia toda para cima de nós, posso dizer que foi uma tarde de praia perfeita com direito a ameixas e água fresquinha (para mim praia tem que ter ameixas e água fresca...coisas de miúda!!), um corneto de morango e... um pastel de nata de Sesimbra... depois queixa-te lontra :oP!»
É já amanhã, sábado, 24 de Junho, que encerra na Sociedade Nacional de Belas-Artes a Exposição: "SESIMBRA – RETRATO DE UMA VILA DE PESCA", de Denyse Gerin-Lajoie. A fotógrafa estará na SNBA, no período das 14 às 20 horas e, às 15,30 horas conduzirá uma visita guiada à Exposição.
«Para Custódio, a morte do rei, motivo do regresso precipitado a Torranjo, era o prenúncio de tempos novos e terríveis, contra os quais devia precaver-se com a necessária antecipação. Para começar, classificou de republicanos todos aqueles que corriam os montes , roubando ou cometendo tropelias de vária ordem, e fez saber às autoridades de São Gião que receberia a tiro quem tentasse cometer tropelias nas suas propriedades. Depois, desfez-se pouco a pouco dos rendeiros, cada vez mais exigentes e improdutivos, temendo as reivindicações após a queda provável da monarquia, e por fim comprou armas novas, pistolas e carabinas, e disse, Agora já pode vir essa canalha, será recebida como merece. E assim a terra dos Santiagos voltou à imobilidade do passado, para sossego da família e desgosto dos homens do povo, de novo obrigados a procurarem trabalho longe, trabalho cada vez mais raro, pois as más notícias provenientes da capital permaneciam ter o condão de paralisar a actividade dos campos. Foi então que as autoridades de São Gião, assustadas com ao maus prenúncios, temendo os protestos dos trabalhadores e querendo mostrar independência em relação aos agrários, decidiram distribuir as terras de uso comum em torno das povoações. Quando soube da notícia, Custódio teve uma reacção que os mais velhos identificaram como o comportamento usual do bisavô: ouviu em silêncio e não fez comentários, levando a concluir que a sua resposta, quando a desse, seria terrível. Dias depois, os homens do povo pediram licença para lhe falar. Custódio recebeu-os com ar distraído, folheando papéis, sem responder à saudação, e perguntou, Qual é o problema? Toríbio Centeio, neto já maior daquele que fora um dos companheiros de guerrilha do primeiro dos Santiagos, avançou e disse: – Lá na Câmara querem-nos dar as terras do povo, e nós vimos aconselhar-nos com o patrão Custódio, porque em boa verdade não sabemos o que fazer. – Não percebo a tua dúvida, Toríbio – respondeu o amo de sobrolho franzido. - Se lhes dão as terras é porque acham que elas são vossas, e nesse caso não vejo motivo para não as aceitarem. – Fez-se o silêncio, mas não havia quem tirasse dali os homens, nem Custódio parecia interessado em alimentar o diálogo. – Se o patrão não vê então inconveniente… – Nenhum, homem. Se lhes querem dar as terras, é porque têm o direito de o fazer, aceitem-nas. E se houver algum problema, já sabem: falem comigo. Três meses depois – durante os quais Santiago aguardou calmamente, fugindo aos encontros com os notáveis de São Gião – recebeu nova visita de Toríbio Centeio. – Venho pedir-lhe o favor de ficar com a minha terra patrão Custódio. – E para que quero eu a tua terra? – Não sei, patrão Custódio. – Conta-me lá o que se passa, Toríbio. Será que a terra tem bichos? – Não tem bichos e é tão boa como as demais, mas na verdade não sei o que hei-de fazer com ela.»
Mário Ventura Vida e Morte dos Santiagos [p.376/378]
A "Cactinha" tem um blogue, o Vanessa Oliveira, onde tem vindo a anunciar a sua mudança para Sesimbra. Ou melhor: "mudanxa", na sua própria grafia:
«Bem como vos falei ontem da minha mudanxa para a minha casa em sesimbra....é mesmo de vez... agr no sabado q vem eq se fazem o resto das mudanxas =)! epá... vai ser complikado... tipo vou ter que me privar de algumas cenas ne...ja n moro aki tao perto do seixal depois... mas tmb agr qd tiver a cartinha ja posso ir ond kizer....eheh :D:D!!!! bem q fixe....tou desejosa... de começar a estudar o livro e tal :P!!»
Bom, já sabem: se virem esta menina a fazer umas"mudanxas" "complikadas", façam favor de lhe dar uma ajudinha. Ou será "axudinha"?
Uma das actividades programadas para a Feira Festa da Quinta do Conde era a noite dedicada aos "talentos escondidos da Freguesia, nas áreas do teatro, bandas, karaoke, fados, poesia, danças, anedotas, ginástica e outras." . Embora existissem dois palcos, a organização resolveu fazer tudo no palco 1, para onde estava prevista a presença de uma série de bandas rock. Disse um dos organizadores ao jornal "Notícias da Zona": «eu nunca pensei que para afinar microfones, guitarras e bateria se necessitasse de quase 8 horas de trabalho. As crianças estavam para actuar [mas] com todo aquele material em cima do palco não havia espaço para dançarem, daí nasceu a revolta dos pais que arremessaram pedras para o palco e não deixaram as bandas actuarem. Resolvemos suspender o espectáculo».
Faz um certo sentido, pois se era a noite dos talentos escondidos, a profecia confirmou-se: os talentos continuam escondidos. Até porque, como disse o mesmo responsável, foi uma «noite negra».
Dois atletas do Núcleo de Badminton do Grupo Desportivo de Sesimbra, Alexandre e Rui Marquês, obtiveram excelentes resultados no último torneio do Campeonato Nacional de Badminton Seniores (categoria C e D), realizado no Pavilhão Municipal de Sampaio. Alexandre Marquês sagrou-se Campeão Nacional de Singulares, batendo na final o atleta João Jorge, de Leiria. Na prova de pares, Alexandre e Rui Marquês sagraram-se vice-campeões nacionais, perdendo na final com uma dupla da Associação Académica de Espinho. Veja o desenvolvimento da notícia noblogue do Núcleo de Badminton do Grupo Desportivo de Sesimbra.
Respigado no 'Mau tempo no canil', este conselho do romancista escocês Alan Warner: «Os poemas são excelentes para se ler na praia; pode-se levantar a cabeça e olhar para as pessoas mais vezes».
Se tiver que ser prosa, então faça como a menina Teresa Leite, que aproveitou uma manhã chuvosa em Sesimbra para uma gostosa leitura na solidão de uma esplanada de praia.
[ clique para ampliar ] Fotografia do blogue EcoCoisas, onde se encontram outras belas fotografias de Sesimbra.
O euroeputado Paulo Casaca defendeu «uma pesca maioritariamente artesanal, com grandes ligações às comunidades locais e com um impacto económico à escala dessas mesmas comunidades». Ao intervir no Parlamento Europeu, o eurodeputado destacou, em particular, a necessidade «de se adaptar o conceito de pesca costeira às realidades económicas, sociais e sobretudo geográficas das várias regiões envolvidas», sublinhando que, «em zonas vulcânicas, sem plataforma continental e caracterizadas pela existência de bancos de pesca por vezes a grandes distâncias», como os Açores e a Madeira, «o conceito de pesca costeira – entendido como pequena pesca de comunidades locais com predominância de meios artesanais – tem de ser adaptado, para fazer equivaler os bancos de pesca aos das plataformas continentais». Na opinião de Paulo Casaca, esta mudança de entendimento é «extremamente importante no caso dos Açores», na medida em que «constitui uma outra forma de compreender a razão pela qual a definição de águas territoriais não poder ser feita com critérios de distância independentes das realidades geográficas».
Num outro debate sobre a introdução de métodos de captura mais respeitadores do ambiente, em Estrasburgo, omesmo eurodeputado defendeu que a utilização de métodos mais amigos do ambiente nas actividades de pesca europeias deve ser a grande prioridade da Política de Pescas da União. O eurodeputado congratulou-se com a adopção de medidas como a proibição da utilização de redes de emalhar de fundo e de arrasto de fundo nas águas da Região Autónoma dos Açores, e mostrou-se favorável «a um modelo de gestão das pescas feito em colaboração com as várias comunidades piscatórias envolvidas e com base nos vários habitats marinhos.»
«À festa dos Santiagos compareceram noventa convivas, muitos dos quais sem terem sido realmente convidados, e duzentos e oitenta e sete mendigos, mas ninguém se queixou de falta de comida, muito embora os indigentes só ao fim de três dias tivessem recebido ordem de marcha, levando ainda os alforges cheios de pão, nacos de carne e doces variados. Durante dois dias e uma noite os espetos não pararam de assar magníficos lombos, duas mulheres confeccionaram continuamente saborosas empadas de javardo, o ensopado de borrego servia-se em grandes tachos de arame, e o cheiro da carne de porco frita, espalhando-se por toda a charneca, foi o principal responsável pela afluência de número apreciável de convivas e da maior parte dos pedintes. Com o sangue dos porcos abatidos cozinhou-se a estranha cachola, valorizada por Adelaide com o uso abundante de especiarias das Índias, de que até à data as pessoas só ouviam falar como sendo luxo da mesa dos ricos. A cachola, que era uma vez ao ano o pitéu excelente dos remediados quando adregavam matar o porquinho, adquiriu nesse dia título de nobreza pela introdução caprichosa dos cominhos, da pimenta e dos cravinhos-da-índia, condimentos tão raros como o ouro. Mas foram os doces que causaram o deslumbramento dos convivas e deram origem a incontroladas manifestações de gula. Estimuladas por Adelaide, a quem se metera na cabeça vencer pelo insólito grandioso, as mulheres do monte tinham arrancado à memória a lembrança de velhas receitas aprendidas quando eram jovens casadoiras, mas nunca postas em prática pela escassez das suas vidas. Desde os queijinhos de hóstia aos doces secos à imagem dos objectos da predilecção de quem os criava, passando pelos beijinhos de invólucros mimosos, pelo toucinho-do-céu e pelos enjoativos ovos moles, era um espectáculo que todos começaram por abordar respeitosamente, incrédulos da arte capaz de originar tais maravilhas, e em seguida atacavam com fúria destrutiva, na ânsia voraz de tudo provar e deglutir, que os levava, quando já não podiam ingerir mais, a ir devolver atrás de um sobreiro, nomeio de brados de desgosto pela perda de tais iguarias, voltando depois apressadamente a mergulhar na exuberância derramada sobre as mesas, debicando aqui um palito de amêndoa, ali uma pépia recheada de pão ralado, mel e cravo-do-maranhão, mais além um pastel com a forma de um braço em intenção votiva a Santo Amaro.»
As Três Graças nasceram da união entre Zeus e Eurínome, filha do Oceano. Eram jubilosas, as companheiras e aias sempre jovens de Afrodite. Delas emana o deleite com a vida e a fruição da arte, da música e do amor. Os seus nomes eram Tália (a que traz flores), Aglaia (brilho e esplendor) e Eufrosine (júbilo e alegria). (Fotografia do blogue de Ana Margarida, no Hotel do Mar, em dia de Baile de Finalistas.)
O jornal Expresso de ontem incluíu um excelente artigo de Manuel Cardoso Leal acerca do estado das pescas em Portugal:
«É difícil fugir a um sentimento de desolação quando se analisam os dados da produção das pescas portuguesas. Nas últimas quatro décadas, antes e depois da adesão à Comunidade Europeia, a história das pescas em Portugal é de perda constante. Haverá alguma coisa que valha a pena fazer? «A quebra já vem desde a década de 1960. E ocorreu sobretudo nas águas externas ou longínquas, mais concretamente na tradicional pesca do bacalhau. Foi nessa década, com efeito, que a nossa produção de pescado atingiu um máximo, num contexto em que era possível explorar livremente recursos ainda em relativo bom estado biológico.» (leia o artigo integral)
Não há dúvida de que um carro também tem direito a ter um blogue. É o que acontece a este Mercedes, em visita ao castelo de Sesimbra, no blogue O meu W123.
Faleceu Mário Ventura Henriques, escritor, jornalista, fundador do Festróia, o festival de cinema que conheceu há dias a 22ª edição. O escritor tinha 70 anos e faleceu em Lisboa.
Mário Ventura Henriques teve uma longa carreira de jornalista, tendo trabalhado no "Diário Popular", no "Diário de Notícias" e na "Seara Nova". Fundou e dirigiu o semanário "Extra" e chefiou a agência noticiosa Europa Press. A partir de 1968 foi correspondente da imprensa espanhola, tendo dirigido a edição portuguesa da revista "Cambio 16".
A sua obra literária conta com mais de 15 volumes, incluindo contos, romances, álbuns e livros de memórias. O livro deste escritor que mais me impressionu foi "Vida e Morte dos Santiagos", publicado em 1985 - uma extraordinária epopeia histórica, localizada no Alentejo.
Conheci Mário ventura Henriques no tempo em que o Festróia ainda tinha lugar em Tróia, e participei nas negociações que levaram à mudança daquele Festival para Setúbal, em 1995, numa altura em que a falência da Torralta ameaçava a sua continuidade. Talvez por causa desse meu modesto papel, fui convidado algumas vezes para membro de alguns dos juris do Festróia, convites que muito me honraram.
Mário Ventura Henriques era um homem simples e profundamente interessado pela vida do seu país. Possuía também um grande sentido de humor e as conversas com ele eram sempre deliciosas oportunidades de convívio franco e bem-humorado. Tinha residência em Setúbal, onde era frequente encontrá-lo nos restaurantes e tascas onde se serve bom peixe, que muito apreciava. Espero que a cidade a quem Mário Vnetura legou esta notável obra cultural - o Festroia - esteja à altura do desafio que a sua morte nos coloca, cuidando da sua manutenção e desenvolvimento.
Livros publicados:
Fernando Lopes Graça na música portuguesa contemporânea, 1956
Pedro Carneiro é um dos músicos mais dinâmicos e originais da sua geração. Aos 24 anos de idade tocou já em estreia absoluta mais de 30 obras e trabalha regularmente com um leque variado de prestigiados instrumentistas e compositores. Iniciou os estudos musicais na Academia Luísa Todi, em Setúbal e estreou-se aos 14 anos de idade, num recital onde interpretou, de memória, Psappha de Xenakis. Desde então tem-se apresentado regularmente como solista em algumas das mais prestigiadas salas e festivais. Pedro Carneiro apresentou também palestras e orientou cursos de aperfeiçoamento nas Escolas Superiores de Música de Lisboa e Porto, na Universidade de Aveiro, na Guildhall School of Music and Drama, no Royal College of Music e na Hong Kong Academy of Performing Arts. Como compositor destacam-se "Postcards", para tenor "rock" e piano e o ciclo instrumental "... e todo eu me alevanto e todo eu ardo" , sobre poemas de Sebastião da Gama.
Leia também: texto e entrevista de Helena Vasconcelos: "Nasceu uma estrela".
« (...) Mas ao tornear uma curva lá estava o azul mar da Arrábida, com as suas águas sonolentas do meio-dia quebradas por umas embarcações em miniatura. Ali estava ela, a pequena aldeia piscatória recolhida entre mar e montanha, as muralhas do castelo no seu topo vigilantes. Mas estava esfomeada e como não se adivinhava nenhum espaço verde e fresco por perto procurou-se o parque de estacionamento mais próximo e atacou-se o "piquenique" ali mesmo no carro, como também já é costume. Assim gostamos e mantemos porque já é tradição.
«Já depois do almocinho percorreram-se as ruas da aldeia e a calçada da praia, e a recordação do peixe a ser grelhado nos minúsculos quintais das ainda mais minúsculas casas e o seu cheirinho que nos perseguiu no caminho de regresso ao carro vão sem dúvida manter-se até podermos voltar e almoçar numa das muitas marisqueiras que ali estão à mão de semear. E claro que fui ao castelo, mas do lado que visitámos não descobrimos mais do que um cemitério sob um sol escaldante, o único culpado do meu primeiro, e talvez último, escaldão do ano. Fotos! Fotos! E mais fotos! Esqueci-me foi de dizer que a caminho do castelo encontrámos um parque de merendas...
«Mas vamo-nos apressar porque ainda fomos ao Cabo Espichel (adoro esta palavra) fotografar umas escarpas traiçoeiras e abrigo de destroços, umas baías de águas cintilantes e inatingíveis e umas gaivotas muito pimponas.»Foto e texto de Duma, respectivamente nos blogues Live Journal e Não é pera doce.
Belíssimas fotografias - de Rui Cunha - e belíssimo texto - de Vanessa Pereira - sobre a arte da Chincha no areal de Sesimbra - no blogue Rui Cunha Photography.
«S. Pedro arrastava da terra para o mar e só apanhava banhistas. Um dia, Deus desceu à terra e disse-lhe: - S. Pedro, experimenta fazer ao contrário. Lança a rede ao mar e puxa-a para terra, se queres ver o que é peixe!», explica Serafim Painho, o mestre da ‘chincha’, com um sorriso terno nos lábios finos de onde sai uma voz sonora que corta a brisa fresca do nascer do dia e sobressai sobre o barulho das ondas que se desfazem, num compasso quase certo, à beira-mar.
Sesimbra, por fora e por dentro: as grutas, a fauna cavernícola e a sua ecologia
Ana Sofia Reboleira, Fernando Correia
"Povoadas por inúmeras lendas e mitos, as grutas são cápsulas do tempo que conservam importantes registos para a construção da nossa identidade, dado que os seres humanos aqui se abrigaram nos princípios da humanidade e deixaram vestígios pré-históricos para memória futura da sua presença", explica Sofia Reboleira. "Mas, talvez mais importante que o passado, é dar a saber que estas albergam hoje estranhas formas de vida, permitindo reinterpretar a história da vida na terra e de como ela se transforma para sobreviver em ambientes tão inóspitos e extremos.", afirma ainda a especialista em fauna cavernícola.
"Exatamente por o tema ser tão singular e estranho, tivemos especial cuidado em criar e estruturar esta obra segundo uma linguagem acessível e motivadora, embora funcional e construtiva no edificar de um saber especial", argumenta Fernando Correia. O responsável pela ilustração da obra salienta: "Fizemos um grande esforço para que isso mesmo sobressaísse quer no discurso escrito, quer ao nível visual, por forma a impulsionar a leitura, e, de caminho, ajudar também a promover a exploração do concelho sob outros olhos. Procurámos construir um livro que cativasse e ensinasse de forma entusiástica — mas sem que pareça uma lição ou sem perder a necessária objectividade e correção científica — e onde a forma como se divulga a Ciência mais atual seja a adequada para a multitude de públicos a que a destinámos."
Além do especial cuidado dedicado ao texto escrito por ambos os biólogos (que contempla várias investigações desenvolvidas no concelho), foi feito um grande esforço para ilustrar profusamente o livro com imagens também inéditas, fotografias e ilustrações, esteticamente interessantes e sumamente didáticas (ao qual se adiciona um design sóbrio, mas fluido).
De realçar que as ilustrações são ilustrações científicas e, como tal, criadas propositadamente para complementar e, às vezes, suplementar, o discurso científico da obra, tornando-a, na perspectiva de um todo, muito mais completo e instigante à descoberta.
Os homens do mar de Sesimbra são sábios. Sempre souberam transmitir o seu conhecimento aos aprendizes atentos, aos capazes,
como escreveu Álvaro Ribeiro, de aceitar a audiência antes da evidência. Grau a grau, ou degrau a degrau, se ascende de moço a arrais, passando por companheiro.
Rafael Monteiro
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Gama, Cão ou Zarco
Não nasceram aqui.
Quem nasceu aqui foi o barco.
António Telmo
Marés em Sesimbra / Tide table [ mare.frbateaux.net ]
Fotos TrekEarth Photos.
Pesqueiros de Sesimbra (fishing sites)