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terça-feira, maio 31, 2005

Terra de Pescadores


«Terra de pescadores, Sesimbra sente desenrolar-se a própria vida em torno da actividade em função da qual surgiu. Dia a dia, numa regularidade monótona e simultaneamente vibrante, as mesmas cenas repetem uma característica movimentação de formas e cores, enquadradas no vozear contínuo do mar e no alarido estonteante dos homens. Madrugada alta, o arrastado chamamento dos "moços", as sombras projectando-se nas "lojas" e os barcos que esperançosamente partem, começam por despertá-la, pouco a pouco, e, ao romper do dia, em pleno mar, a maior parte dos seus homens esforça-se por conseguir assegurar o pão de cada dia. Depois é, em terra, o desenrolar das horas, à espera duma hora única em que toda a atenção se concentra na lota. Aí, à luz duns escassos archotes, de Inverno, ou em pleno dia de Estio, efectua-se o comércio de peixe que acaba de chegar e em volta do qual unicamente gravita a própria vida da povoação. Aí é possível encontrar o seu mais típico traço e também o que mais profundamente nos prende e sugestiona.

Quando finalmente se diluem as formas e cores no negrume da noite que desce, e as ruas se vão, pouco a pouco, tornando desertas, o pescador, de regresso a casa, esquece a sua condição de simples anexo a uma gigantesca engrenagem - perante a qual não tem real valor - e toma consciência da sua existência individual e dos seus próprios problemas. Doloroso se lhe torna, por vezes. Doloroso, sobretudo, se regressa de mãos vazias ou com uma féria irrisória que não chega para cobrir a mais rudimentar subsistência.

Escasso contudo é o tempo que, em cada dia, lhe resta para si mesmo. Volvidas horas, regessa à faina com um sorriso ou uma praga a bailar-lhe nos lábios. Dura vida a que tem de viver. Difícil... mas sua - a única que escolheria, se, em dado momento, lhe fosse dado voltar atrás e escolher. "...E bonita, às vezes, pois então! Gostaria que visse colher o aparelho, com peixe-espada, em noites de luar. Parece dia!" - e nos seus olhos há mais que emoção ou alegria: há verdadeiro orgulho por ser homem do mar e pescador.»

Maria Alfreda Cruz
"Pesca e Pescadores em Sesimbra"
- 1966
Fotografia reproduzida do livro (clique para ampliar)

domingo, maio 29, 2005

Anúncios (IV)



Anúncios de 1934 [ clique para ampliar ]

Quando a "Padaria do Gá" se chamava "Marítima". A propósito da Farmácia Lopes, recordemos este outro anúncio, publicado em 1899 no "Jornal de Cezimbra":

Sublime injecção preparada por Vergílio de Mesquita Lopes, pharmaceutico.  (…)
Cura radicalmente todas as purgações, antigas e recentes, tais como: blenorragias, flores brancas, gotta militar, etç.

sábado, maio 28, 2005


Diego Laurignac é um jovem inglês nascido em Barcelona, engenheiro de sistemas electrónicos, que gosta de cirandar por aí e que veio para Portugal fazer investigação no Instituto Superior Técnico sobre a "simulação dos tecidos moles da região pélvica" (músculos e coisas assim; pode ver um exemplo aqui).

Talvez para aplicar na sua investigação, Diego foi com os amigos fazer escalada para as falésias da costa sesimbrense. Veja as fotografias aqui.



Sesimbra Stone Contracting - uma empresa sueca com um nome sesimbrense: Nuno Marques. Especializada na aplicação de lajes. Veja sequência de imagens aqui.



Santuário do Cabo Espichel
Fotografia de Jorge Coimbra
[in B L O G @ U N I - clique para ampliar ]

quinta-feira, maio 26, 2005

Um sesimbrense em Potosi



No arquivo do Instituto de Estudos Brasileiros encontra-se um documento da autoria de Lourenço Furtado de Mendonça, natural de Sesimbra, impresso em Madrid em 1630 e com o seguinte título:
«SVPLICACION A SV MAGESTAD CATOLICA del Rey nuestro señor, que Dios guarde. Ante sus Reales Consejos de Portugal y de las Indias, en defensa de los Portugueses. Por el Doctor Lorenço de Mendoça Presbitero, natural de la villa de Cezimbra, Arçobispado de Lisboa, y Maestrazgo de Santiago en el Reyno de Portugal, y Comissario del santo Officio en la villa Imperial de Potosi por la suprema y general Inquisicion.»
Nesta data Portugal e o seu império encontravam-se sob dominação espanhola. A vila de Potosi - actualmente cidade da Bolívia - era nessa época um importante centro administrativo do império hispânico; grande e mítico centro produtor de prata, era ali que se cunhavam as famosas moedas destinadas a circular no império.

Fundada em 1545, logo após a descoberta pelos espanhóis das suas minas de prata, Potosi tornou-se rapidamente no maior produtor mundial de prata, bem como numa das povoações mais prósperas e com maior número de habitantes do mundo. Situada na cordilheira ocidental dos Andes a mais de 4 mil metros de altitude, é a cidade mais alta do mundo, tendo actualmente 110 mil habitantes. É, ainda hoje, um importante centro mineiro [ver ver foto]. Em 1987 foi declarada pela Unesco "Património da Humanidade".

Os refugiados de Villa Cisneros


Em Agosto de 1932, durante a República Espanhola, um grupo de militares conservadores desencadeou, em Madrid e em Sevilha, um pronunciamento contra o regime republicano, acção que ficou conhecida como a "sanjurjada". Falhado o pronunciamento, 139 dos revoltosos foram deportados para Villa Cisneros, na costa africana (actual Ad Dakhla, no Sahara Ocidental).

Na madrugada de 1 de Janeiro de 1933, os deportados amotinaram-se e 29 deles conseguiram tomar de assalto o barco francês "Aviateur Lebrix", que utilizaram para uma audaciosa fuga que os trouxe até Sesimbra, onde foram bem acolhidos pela população, a 14 de Janeiro. Mantiveram-se em Portugal até que uma amnistia, em 1934, lhes permitiu o regresso a Espanha.

Aquando do seu desembarque, a população de Sesimbra dispensou-lhes "todos os carinhos e afectos," apesar do seu aspecto, ao princípio, ter causado algum receio. Alguns meses depois, a 26 de Maio, estes homens voltaram a Sesimbra para agradecer o modo como tinham sido acolhidos. Sabia-se agora que se tratavam de altas patentes e gente da nobreza espanhola, pelo que foi a vez de ficarem os pexitos altamente sensibilizados. Numa sessão solene que teve lugar no Salão Vila Amália, foram feitos discursos e lida esta poesia do sesimbrense Carlos Ducam:
O povo de Sesimbra, hospitaleiro,
A alma, sempre pronta a fazer bem,
Um dia despertou... Na praia alguém
Soltando um ai!... D'alívio derradeiro

E sem saber ainda o paradeiro,
Aonde a negra sorte os lançar vem,
Presente que este povo apenas tem
Do "bem" o sentimento verdadeiro!

Eis "vós", que o destino, a boa estrela,
Guiou a esta terra acolhedora,
Que toda a gente prende, só ao vê-la...

E hoje se confessa devedora
De gratidão eterna... sem merecê-la,
À vossa gentileza... que penhora!...
Mais tarde, um dos refugiados, o arquitecto Aristides Fernandez Vallespín, enviaria ao jornal O Sesimbrense outro poema sobre o mesmo episódio:
Pueblecito de nascimiento,
bello pueblo de mis amores,
Quando amanece, através del viento
a ti van mis recuerdos y mis dolores.

A ti va la sonata, dulce y temprana
del que atravéz de mares te presentió
y que en la mansedumbre de una mañana,
ante ti, pueblecito, se comovió.

Ya la tarde ha caido con sus tristezas
y en las sombras que envuelven sus ultimos adiós,
¡Pueblecito! te esfumas entre asperezas,
como joya olvidada...! Premio de Dios!
Entre os militares refugiados em Sesimbra, encontrava-se Ricardo Serrador Santés (1877-1943), que fez o discurso de agradecimento na cerimónia da Vila AMália. Veio depois a ter um papel de relevo na Guerra Civil Espanhola (1936-1939), nas hostes franquistas. Depois da guerra foi comandante militar e responsável económico das Ilhas Canárias. Em Tenerife a conhecida "Ponte Serrador", cuja construção iniciou, deve-lhe o nome. Terminou a sua carreira militar no posto de General.

terça-feira, maio 24, 2005

Anúncios (III)



1934 [ clique ]

segunda-feira, maio 23, 2005

Domingo, 22 de Maio


  
Adeptos do Benfica comemoram
a conquista do Campeonato

quinta-feira, maio 19, 2005

Anúncios (II)




Dos tempos em que o número de telefone podia ser o "23", ou o "6".

" - Menina, ligue-me ao 7, faça favor."
" - Um momento, não desligue..."
     ...
" - ... O 7 não responde."
" - Então ligue-me ao 8."
" - Um momento, não desligue."

Farol do Cabo Espichel

Clique para ampliar. Crédito:
página de Klaus Huelse

A construção do actual Farol do Cabo Espichel data de 1790. Pouco se sabe do seu equipamento inicial, pelo que a primeira referência pormenorizada consta de um roteiro da nossa costa de 1812, considerando o edifício “muito distincto e separado, elevado 620 pés, que póde avistar-se na distância de 30 milhas”.

Outro relato descreve em 1865: “A luz d’este pharol é fixa e branca produzida por dezesete candieiros de Argant com reflectores parabolicos, distribuidos na respectiva árvore em tres ordens horisontaes, formando um sector illuminado de 260º, com seis candieiros na primeira ordem, cinco na segunda e seis na terceira tendo um alcance de 13 milhas."

Foram montados geradores em 1926 e em 1947 era ali instalado o actual aparelho óptico, aeromarítimo com 300 mm de distância focal. Foi dotado de um transmissor de MF constituindo um radiofarol entre 1948 e 2001. A rede pública de electricidade chegou ao farol em 1980 e o farol foi automatizado em 1989 com a instalação de um novo sinal sonoro e mecanismos redundantes para a rotação e substituição de lâmpadas. Actualmente o farol é guarnecido por três faroleiros. (in Revista da Armada). Mais imagens aqui.

terça-feira, maio 17, 2005

Uma barca de Sesimbra em Inglaterra


Carlos II, de Inglaterra, e Catarina de Bragança, de Portugal, casaram-se em Portsmouth a 31 de Maio de 1662. Após a cerimónia e uma ceia a dois, a rainha, que o noivo vira pela primeira vez indisposta e acamada, sofrendo os rigores da longa viagem desde Portugal, regressa ao leito, sozinha. Em carta à irmã, Carlos queixa-se de não haver podido consumar o matrimónio e consola-se na caça e nas regatas.

Mas nem aí deixa de ser perseguido pela pouca sorte, pois uma barca de Sesimbra, que fora entre as embarcações da frota que acompanhara Catarina na sua viagem desde Portugal, surpreende-o. Num relato coevo da viagem, conta-se: "... e com serem as embarcações de el-rei ligeiríssimas e feitas para isso com toda a arte, a nossa barca as deixou muito atrás tirando mais que todas pelo barlavento".

Música clássica em Sesimbra


Orquestra Metropolitana de Lisboa

Obras de Scarlatti, Françaix, Ropartz e Ravel, pelo septeto composto por Agnes Flanagan (Violino), Elena Dimitrieva (Violino), Valentin Petrov (Viola), Peter Flanagan (Violoncelo), Anabela Malarranha (Flauta), Nuno Silva (Clarinete) e Stéphanie Manzo (Harpa);
Na Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Sesimbra, dia 27 de Maio (6ª feira) às 21h30.



Quarteto Rossini

Obras de Rossini e Haydn pelo Quarteto Rossini, composto por Diana Tzonkova (Violino), Ângela Nersesova (Violino), Jian Hong (Violoncelo) e Ercole de Conca (Contrabaixo);
Na Igreja do Cabo Espichel, dia 28 de Maio (Sábado) às 16h00.

sábado, maio 14, 2005

Anúncios (I)



Anúncios de estabelecimentos comerciais de Sesimbra, incluídos num folheto turístico de 1934.
( clique na imagem para ampliar )

sexta-feira, maio 13, 2005

Novo semanário




Sesimbra conta com um novo semanário: o "Sesimbra à 5ª", uma iniciativa da jornalista Natália Abreu, que é também a directora. O nº. 1 saíu ontem, 12 de Maio. O jornal é de distribuição gratuita, mas inclui uma forte componente informativa, abrangendo todo o concelho de Sesimbra.

Felicidades para este novo projecto.

terça-feira, maio 10, 2005

Elis Regina em Sesimbra - 1968


Tive hoje a grande surpresa - e alegria - de rever um documentário de 1968 sobre a estadia de Elis Regina em Portugal. Recordava-me bem daquelas imagens, especialmente da cantora brasileira no castelo de Sesimbra.

Igualmente espetaculares são as imagens de Elis na doca, no meio da azáfama dos barcos de pesca e lufadas de laretas.

Elis a passear a sua classe, a falar com inteligência sobre música, a cantar como só ela sabia, com uma energia e uma alegria insuperáveis. Aqui fica uma citação da cantora:
"Alguma alegria é fundamental. É preciso ter fé, esperança, passar um brilho no olho e ir engatinhando para, em termos de sensação, redescobrir a vida, descobrir o saber da festa".


segunda-feira, maio 09, 2005

Recibo




Recebi de Srº Jose Pinhal dois alqueires de trigo previniente de um fôro no sitio de Val Videiros vencido em 15 de Agosto de 1910 por me achar págo é que lhe passo o recibo para sua defeza e minha lembrança

Caixas 15 de Agosto de 1910
Candido Vicente Polido

[ assinado sobre selo de 10 Réis ]


segunda-feira, maio 02, 2005

domingo, maio 01, 2005

Cine-Teatro João Mota

Programa de cinema do dia 26 de Setembro de 1971:

Amar sem Amor
Um filme de 1969, realizado por Richard Brooks, com Jean Simmons, John Forsythe e Shirley Jones

Folhetos da Tipografia "A Triunfo"

(clique na imagem; se não conseguir ver a parte inferior do programa, clique aqui)


 Imagens de Fé

Exposição fotográfica de
José Arsénio

Auditório Conde Ferreira
30 de Abril - 22 de Maio

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Canoa da Picada