j.a. Nesta noite, dia 25, muitos blogues estão fechados. Aqui até há música! Costumo gostar de música da Galiza e esta não foi excepção. Valeu! Contudo,actualmente, englobo a Galiza, naquele dito ..." de Espanha.." Desculpe-me muito...
swt: obrigado pelo comentário. A Galiza está politicamente integrada na Espanha, mas culturalmente está mais próxima de Portugal. Afinal, o nosso país e a nossa língua nasceram nesta região do Minho-e-Galiza, durante muitos anos dividida por uma fronteira que agora se vai diluindo. No entanto, é por causa dessa fronteira que nos recordamos da trágica história daquele rei louco que se apaixonou loucamente por uma galega — o que é, afinal, a mais bela História de Portugal.
Aqui trata-se de uma "barca do alto" de Sesimbra, usada tradicionalmente na pesca do anzol; um desenho deste tipo de embarcações encontra-se no livro de 1892 de Baldaque da Silva, que lhe chama "canoa" (imagem). Estas barcas, no entanto, engordaram um bocadinho com a introdução dos motores (inicialmente, grandalhões), algo que julgo ser visível na fotografia. O ganho de energia motriz justificou talvez uma perda de hidrodinamismo, que seria crucial no tempo da vela.
As traineiras só surgiram aqui na década de 1920, inicialmente designadas como "cercadoras", e possuem formas diferentes, que julgo terem sido importadas de outros portos (nomeadamente com 2 tipos de popa, designadas como popa "de leque" e em forma de "ovo", salvo erro).
As traineiras constituiram inicialmente um choque cultural em Sesimbra, como arte de pesca estranha e com uma forma de organização da companha já influenciada pelos modelos do liberalismo (capitalismo), diferentes da estrutura da companha tradicional. No entanto, acabaram por se integrar. (também houve um tempo, que eu conheci, em que um arrastão não entraria em Sesimbra sem risco para os seus tripulantes, e hoje lá estão placidamente encostados ao cais). Em breve publicarei fotos de uma traineira mais a respectiva enviada.
No entanto, o ponto forte de Sesimbra continua a ser o anzol, onde os seus pescadores são imbatíveis. Também aqui existem muitas artes de redes, mas o respectivo benchmarking estará noutro lado.
O último mestre carpinteiro naval de Sesimbra, Acácio Vidal Farinha, ainda em actividade, e o seu filho Rui, é que constituem a memória certa destes saberes, ameaçados pelo facto da potência motriz e das fibras de vidro permitirem fazer barcos com a forma que se queira: tudo navega. Mas porque será que os fazem tão feios?
Não és esbelta, és airosa, tens porte feminino, anca larga de boa parideira, formas arredondadas como a mulher mediterrânica. Tiveram razão os Sesimbrenses ao darem-te o nome de barca, quem te olha descobre facilmente a tua feminilidade.
Sesimbra, por fora e por dentro: as grutas, a fauna cavernícola e a sua ecologia
Ana Sofia Reboleira, Fernando Correia
"Povoadas por inúmeras lendas e mitos, as grutas são cápsulas do tempo que conservam importantes registos para a construção da nossa identidade, dado que os seres humanos aqui se abrigaram nos princípios da humanidade e deixaram vestígios pré-históricos para memória futura da sua presença", explica Sofia Reboleira. "Mas, talvez mais importante que o passado, é dar a saber que estas albergam hoje estranhas formas de vida, permitindo reinterpretar a história da vida na terra e de como ela se transforma para sobreviver em ambientes tão inóspitos e extremos.", afirma ainda a especialista em fauna cavernícola.
"Exatamente por o tema ser tão singular e estranho, tivemos especial cuidado em criar e estruturar esta obra segundo uma linguagem acessível e motivadora, embora funcional e construtiva no edificar de um saber especial", argumenta Fernando Correia. O responsável pela ilustração da obra salienta: "Fizemos um grande esforço para que isso mesmo sobressaísse quer no discurso escrito, quer ao nível visual, por forma a impulsionar a leitura, e, de caminho, ajudar também a promover a exploração do concelho sob outros olhos. Procurámos construir um livro que cativasse e ensinasse de forma entusiástica — mas sem que pareça uma lição ou sem perder a necessária objectividade e correção científica — e onde a forma como se divulga a Ciência mais atual seja a adequada para a multitude de públicos a que a destinámos."
Além do especial cuidado dedicado ao texto escrito por ambos os biólogos (que contempla várias investigações desenvolvidas no concelho), foi feito um grande esforço para ilustrar profusamente o livro com imagens também inéditas, fotografias e ilustrações, esteticamente interessantes e sumamente didáticas (ao qual se adiciona um design sóbrio, mas fluido).
De realçar que as ilustrações são ilustrações científicas e, como tal, criadas propositadamente para complementar e, às vezes, suplementar, o discurso científico da obra, tornando-a, na perspectiva de um todo, muito mais completo e instigante à descoberta.
Os homens do mar de Sesimbra são sábios. Sempre souberam transmitir o seu conhecimento aos aprendizes atentos, aos capazes,
como escreveu Álvaro Ribeiro, de aceitar a audiência antes da evidência. Grau a grau, ou degrau a degrau, se ascende de moço a arrais, passando por companheiro.
Rafael Monteiro
★
Gama, Cão ou Zarco
Não nasceram aqui.
Quem nasceu aqui foi o barco.
António Telmo
Marés em Sesimbra / Tide table [ mare.frbateaux.net ]
Fotos TrekEarth Photos.
Pesqueiros de Sesimbra (fishing sites)
15 Comentários:
Espero que o seu Natal tenha corrido bem. Obrigado pelas suas palavras João.
Um beijo
When in Mexico I spend lots of time watching the fishing boats when they arrive with the morning's catch. Like the name of this little craft!
j.a.
Nesta noite, dia 25, muitos blogues estão fechados.
Aqui até há música!
Costumo gostar de música da Galiza e esta não foi excepção. Valeu!
Contudo,actualmente, englobo a Galiza, naquele dito ..." de Espanha.."
Desculpe-me muito...
Merry Christmas from American Fork, Utah!
swt: obrigado pelo comentário.
A Galiza está politicamente integrada na Espanha, mas culturalmente está mais próxima de Portugal. Afinal, o nosso país e a nossa língua nasceram nesta região do Minho-e-Galiza, durante muitos anos dividida por uma fronteira que agora se vai diluindo. No entanto, é por causa dessa fronteira que nos recordamos da trágica história daquele rei louco que se apaixonou loucamente por uma galega — o que é, afinal, a mais bela História de Portugal.
Thank you, Annie. I wish you and your familly a Happy New Year.
Gostei de encontrar as fotos do barco e da concha abaixo
A praia no inverno é mais bonita
Aqui estamos no verão e o calor está ardente
abraços
Constança
That is a nice looking boat. I like the name too.
Bom ano a todos.
Que 2008 nos traga a todos bons ventos e melhores malagueiros.
j.a.
Sábias palavras.
Vou, por isso, prestar-lhe uma justa homenagem no swt-sulada. Yeah!
Lindo!! Vou tentar referi-la no Atlântico Azul!
(quanto ao postal do círio... enfim...)
Eu tenho a impressão que estas traineiras~são adaptações de embarcações tradicionais que antigamente andavam à vela.
Estou certo ou estou errado? Se estiver certo alguém me sabe dizer o nome dessas embarcações?
Aqui trata-se de uma "barca do alto" de Sesimbra, usada tradicionalmente na pesca do anzol; um desenho deste tipo de embarcações encontra-se no livro de 1892 de Baldaque da Silva, que lhe chama "canoa" (imagem). Estas barcas, no entanto, engordaram um bocadinho com a introdução dos motores (inicialmente, grandalhões), algo que julgo ser visível na fotografia. O ganho de energia motriz justificou talvez uma perda de hidrodinamismo, que seria crucial no tempo da vela.
As traineiras só surgiram aqui na década de 1920, inicialmente designadas como "cercadoras", e possuem formas diferentes, que julgo terem sido importadas de outros portos (nomeadamente com 2 tipos de popa, designadas como popa "de leque" e em forma de "ovo", salvo erro).
As traineiras constituiram inicialmente um choque cultural em Sesimbra, como arte de pesca estranha e com uma forma de organização da companha já influenciada pelos modelos do liberalismo (capitalismo), diferentes da estrutura da companha tradicional. No entanto, acabaram por se integrar. (também houve um tempo, que eu conheci, em que um arrastão não entraria em Sesimbra sem risco para os seus tripulantes, e hoje lá estão placidamente encostados ao cais). Em breve publicarei fotos de uma traineira mais a respectiva enviada.
No entanto, o ponto forte de Sesimbra continua a ser o anzol, onde os seus pescadores são imbatíveis. Também aqui existem muitas artes de redes, mas o respectivo benchmarking estará noutro lado.
O último mestre carpinteiro naval de Sesimbra, Acácio Vidal Farinha, ainda em actividade, e o seu filho Rui, é que constituem a memória certa destes saberes, ameaçados pelo facto da potência motriz e das fibras de vidro permitirem fazer barcos com a forma que se queira: tudo navega. Mas porque será que os fazem tão feios?
Bem... o que uma pessoa aprende por aqui...
Não és esbelta, és airosa, tens porte feminino, anca larga de boa parideira, formas arredondadas como a mulher mediterrânica. Tiveram razão os Sesimbrenses ao darem-te o nome de barca, quem te olha descobre facilmente a tua feminilidade.
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial