Presépios [8]
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Mercado Municipal (Praça)
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Menino Jesus
Raquel Pessoa
[ http://www.raquelpessoa.net/menino_jesus.mp3 ]
O Mário Rui, da Aldeia do Meco, é um dos grande escritores de Cegadas do Concelho de Sesimbra. Podemos considerar que há dois grandes estilos neste género de teatro popular: um é o estilo "Alfarim", com textos burilados e métrica certinha, de forma a caber nas letras, cantadas a preceito com música de conhecidos fados. O outro é o estilo "Aldeia do Meco", onde o que é mais importante é a história e as piadas certeiras, às quais a música se deve subordinar. É neste estilo que o Mário Rui é o campeão - manifestando um fino sentido de humor que também revela na sua vida pessoal.
Mas o Mário Rui é também o homem do restaurante Celmar, na Aldeia do Meco, um dos melhores do concelho. Trata-se também de um exemplo de sucesso económico, tendo o Mário Rui realizado uma transição exemplar entre as actividades agro-piscatórias do pai e a nova realidade turística daquela zona.
Vem isto a propósito da referência incluída na revista do jornal "Diário de Notícias" de Domingo passado (pag. 140), onde o Mário Rui nos propõe uma "perdiz estufada com castanhas" - tudo produtos desta região, para quem não sabe, embora escassos por causa do crescimento urbano.
«Um aspecto fundamental nas pescarias da geração de Baldaque da Silva, que teve de assumir o ordenamento territorial dos espaços marítimos ao longo de toda a linha costeira portuguesa, em especial nas áreas de instalação dos aparelhos fixos para a captura da sardinha e do atum, foi a definção dos espaços de pesca. Esta problemática antecipa algumas perguntas actuais, nomeadamente ao nível das formas de redistribuição das fontes de riqueza, atribuição de quotas por barco e por época de pesca, registo e demarcação privada de espaços e pesqueiros a explorar. Sobretudo porque a afirmação que "o mar é livre" não é partilhada, e a sua persistência impede a percepção que, de facto, ele se encontra, neste momento, totalmente emparcelado por artes fixas (redes, covos, púcaros), com evidentes efeitos nocivos sobre as capacidades de recuperação dos cardumes. Luís Manuel Moreira de Sousa |
«O meu pai tinha como profissão pescador, passados três dias dos meus anos, ele saiu para o mar e nunca mais voltou.» "Amor Verdadeiro" (continuação) |
O autor desta fotografia chamou-lhe "o mostrengo", o mítico gigante Adamastor que saía desgrenhado das águas para assombrar os navegadores portugueses de Quatrocentos. Mas, cá pra mim, trata-se mas é da "vaca" Mula que rumina filosofa pacatamente ali nos mares do Ribeiro do Cavalo.
Teve lugar no sábado passado, na Biblioteca Municipal de Sesimbra, a sessão de apresentação do terceiro livro de Sandra Carvalho, "Lágrimas do Sol e da Lua".
A sala estava completamente cheia de amigos, familiares, e admiradores da sua obra — quer de Sesimbra quer de localidades distantes e que se deslocaram de propósito para conviver com a Sandra. O professor Nabais, por sugestão da escritora, fez a apresentação do livro, salientando a sua grande qualidade literária e de escrita na língua portuguesa. Foi uma "lição" emocionada, que terminou com a leitura, por dois jovens, de um trecho do livro.
Na sua intervenção a Sandra começou por se apresentar como "uma rapariga extremamente tímida", para quem "escrever é muito mais fácil do que falar" mas que coloca "muito coração e muito amor em tudo aquilo que faz":
"Nasci numa rua cheia de sol, voltada para o mar e fui uma criança muito feliz, muito amada, e eu creio que tudo isso transparece naquilo que eu escrevo. A memória mais marcante que eu tenho da minha infância é de quando ia para a praia com a minha mãe e passeávamos junto ao mar e ela me contava estas histórias maravilhosas que acabaram por compor o meu imaginário e que toda a minha vida me fizeram sonhar."
Sandra Carvalho salientou que era portanto muito antigo o gosto pelas histórias, e que passava as noites a reinventá-las, a procurar novos desenvolvimentos, actividade que ainda se acentuou mais quando aprendeu a ler: "Quando os miúdos estavam no recreio eu saltava o muro para ir à biblioteca buscar livros para ler". Aproveitou para destacar o papel da sua professora da primária, a qual os alunos achavam que era muito exigente mas que ajudou a criar as bases para a sua actividade criativa.
A escritora referiu que o estilo fantástico lhe permite englobar todas os outros estilos literários - romance, crime, terror, comédia, podendo brincar com as palavras sem ofender nenhum género literário e sem ter a necessidade de se situar geograficamente ou temporalmente.
"Outra das coisas que acontece naquilo que eu escrevo tem a ver com o facto querer transformar aquilo que, apesar de ser fantástico, eu querer torná-lo real, querer que todas essas personagens possam ser o vizinho do lado, possam ter uma personalidade complexa, tornando o fantástico real, para que as pessoas consigam mergulhar dentro da história e identificar-se com as personagens. [...] A Saga é toda ela uma luta entre o bem e o mal e uma forma de eu mostrar que o amor e a amizade podem sempre vencer o ódio, que vale a pena viver, vale a pena sonhar, vale a pena arriscar — porque isso e também a história da minha vida, porque se eu não tivesse arriscado, se não me tivessem "empurrado" para eu me arriscar, eu hoje não estaria aqui."
Sandra Carvalho revelou ainda que a Saga será constituída, ao todo, por 7 livros. Inicialmente tinha previsto apenas 6, mas aconteceu que durante a escrita deste último livro a imaginação "saiu fora de controlo", e uma das personagens, a Tora - que era para ter um papel pouco relevante - tomou conta da escritora e agora terá de fazer mais um livro para colocar todas as ideias que tinha em mente. Revelou também que há uma forte ligação entre os vários livros, não só devido à continuidade da história, mas igualmente porque certos factos que parecem secundários em alguns dos livros, acabarão por ter desenvolvimentos inesperados nos livros seguintes.
Houve um período de intervenções do público: de leitores que vieram de longe, de mães que salientaram a importância da leitura destes livros para os seus filhos - e ainda da sua professora da primária, também presente na sala. A vereadora Guilhermina Ruivo, responsável pela Biblioteca Municipal de Sesimbra, salientou a importância da leitura para a escrita, conforme ficara evidente nas palavras de Sandra Carvalho. A sessão terminou com uma intervenção de Augusto Pólvora, presidente da Câmara, que salientou o facto de uma jovem, natural de uma terra pequena, filha de gente humilde e trabalhadora, ter desenvolvido esta capacidade criativa, e agradeceu à escritora pelo prestígio que dá à nossa terra e ao nosso concelho. Seguiu-se finalmente uma sessão de autógrafo de livros e um contacto mais directo entre a escritora e os seus leitores e amigos.