Praça de Sesimbra. A senhora à direita, agricultora na Fonte de Sesimbra, estava a vender "Maçãs da Azoia", uma saborosa variedade característica desta região de Portugal. Fiquei intrigado com as manchas vermelhas, muito diferentes das risquinhas habituais. Explicou-me que isso se devia provavelmente ao facto de as macieiras não terem sido tratadas com produtos químicos. Talvez assim as maçãs sejam mais saudáveis mas achei o preço algo exagerado: 2 € o quilo. Mas os mercados têm sempre razão, não é verdade? Entretanto chegaram mais duas pessoas e iniciou-se uma animada conversa.Sesimbra's marketplace. The lady at the right, a farmer at Fonte de Sesimbra, was selling "Azoia Apples", a tasty variety of this fruit, unique to this region of Portugal. I was puzzled by the red dots, very different from the narrow red strips usually found at these apples. She explained me that this was probably due to the fact that the apple trees did not received any chemical treatment. Maybe these apples are more healthy, but I think the price was somehow exagerated: 2 € per kilo. Anyway, the markets are allways right, aren't they? Meanwhile, these two other women arrived, and they all started a animated conversation while I was taking pictures.Marché de Sesimbra. La dame à la droite, agricultrice à Fonte de Sesimbra, vendait "Azoia Pommes", une savoureuse variété de ces fruits, unique à cette région du Portugal. J'étais intrigué par les points rouges, très différentes des étroites bandes rouges que caractérise cette variété. Elle m'a expliqué que c'était peut-être dû au fait que les pommiers n'ont pas reçu de traitement chimique. Ces pommes sont peut-être plus saines, mais je pense que le prix était quelque peu exagérée: 2 € par kilo. En tout cas, les marchés ont toujours raison, n’est-ce pas? Peut après, ces deux autres femmes sont arrivées et s'est entamé une conversation très animée.
Aiolas - pequenas embarcações tradicionais de Sesimbra, excepcionalmente bem adaptadas a esta zona costeira em que se misturam características atlânticas e mediterrânicas. Resistindo às políticas da União Europeia que se obstinam em destruir as comunidades locais e em subsituir os barcos tradicionais por frotas industriais, as aiolas continuam a ser o barco mais numeroso de Sesimbra, bem como a origem da maior variedade e excelência de pescado.Aiolas - small boats with complex lines, unique to this coast of Atlantic and Mediterranean characteristics. A case of resistance against the blind politics of European Union aimed at destroying the local communities and replace all the traditional boats by industrial fleets, the aiolas are still the most numerous boat at Sesimbra port, and also the origin of the bigger variety and quality of our fisheries.Aiolas - petit bateau avec des lignes complexes, unique à cette côte de caractéristiques atlantiques et méditerranées. La aiola c’est un exemple de résistance contre l'aveugle politique de l'Union Européenne visant détruire les communautés locales et remplacer tous les bateaux traditionnels par des flottes industriels. Les aiolas sont encore les plus nombreux bateau au port de Sesimbra, et sont aussi à l'origine de la plus grande variété et qualité de nos pêches.
[ clique para ampliar ] Barca "Virgem do Cabo" (Primeira), de Manuel "Pau Seco".
Navegando na baía de Sesimbra, frente ao estaleiro do Roquette. Note-se os vestígios da fragata Numância, sendo visível uma das chapas de ferro que "couraçava" o belo veleiro de madeira. Adenda: Na parte superior da vila distinguem-se os ciprestes do cemitério, a capela de S. Sebastião (com a fachada misteriosamente virada a Sul) e a torre da igreja de Santiago.
Benjamin Braddock [um Dustin Hoffman ainda desconhecido dos espectadores] acaba o curso mas não sabe o que há-de fazer na vida: quer ser "diferente" mas não sabe como. Tem uma namorada lindíssima, Elaine [Katharine Ross], mas é desse lado que irão surgir os maiores problemas: a mãe dela, Mrs. Robinson [Anne Bancroft], não está com meias medidas e seduz o relutante Benjamim. Depois o marido descobre o caso e Elaine rejeita-o. No final Benjamim tem de ir raptar Elaine à igreja, prestes a casar-se com outro. O filme passou ainda nos anos 60 no cinema João Mota e provocou uma enorme emoção nos jovens que o viram, em parte pela história (típica da "flower generation", que recusava "ganhar a vida" como os pais e sonhava com um mundo hippie cor-de-rosa), mas sobretudo pelas músicas de Simon & Garfunkel que ouvíamos pela primeira vez e que se tornaram depois famosas: "The Sound Of Silence", "Scarborough Fair Canticle" e sobretudo "Mrs. Robinson", que nem sequer estava ainda completa quando foi usada no filme. "Scarborough Fair Canticle" — uma canção tradicional inglesa do século XVI — acompanhada de imagens do filme, pode ser ouvida integralmente, aqui →.
Obras no Largo de Bombaldes. Parece que já foram descobertos vestígios da primitiva muralha que separava as casas da praia. Existe, no entanto, grande expectativa de que possam vir a ser encontrados vestígios de mais cetárias romanas.
[ clique para ampliar ] Sabe quem é esta companha? Sabe onde foi foi tirada a fotografia?
Atrás: Delfim, Manuel da Graça, "Pala-Pala" (pai do falecido Julião da biblioteca) e Emílio da Guita (irmão do Delfim); Na frente: Joaquim Faneca, "Capim" (pai de Abel Coelho), "Moleiro" (da família dos P'tolas) e Delmino (pai do Brazinha).
Local: espaço entre os actuais café/pastelaria Caseiro e farmácia Leão, na Av. da Liberdade, nº 15, no edifício construído em 1908 por José M. R. Giro, conforme se encontra assinalado na fachada: ver fotografia.
A costureirinha Alice (Beatriz Costa) vence o concurso de Miss Castelinho com uma "ajudinha" do pai, o alfaiate Caetano (António Silva), que decide a vitória da filha em nome do júri. Após a vitória, o babado pai anuncia: «A minha filha, se bem que não lhe passava pela cabeça ser um dia eleita rainha, já há 15 dias que andava a estudar um dueto para deliciar vossas excelências neste dia memorável, que é o dia de hoje. Intitula-se a "A Agulha e o Dedal" e é uma canção da célebre revista "O Pastel de Bacalhau".» A pronúncia "popular" de Beatriz Costa ( queroché , didal ) faz lembrar o cockney de Eliza Doolittle em My Fair Lady. E nestas legendas existe um erro: escreveram metal em vez de cobre):
— Bem sei que não me amas, por não ser de prata, E que me desprezas por só ser de cobre. — Dedal tu não chores, bem sei que és de lata: Também eu passajo na fralda do pobre.
Aconselhamos a que não percam a oportunidade de ver — ou de rever — a exposição "Um areal de gentes", que se encontra na Escola Conde Ferreira só até amanhã (Domingo, 7 de Outubro). Horário: das 15 às 19h, e das 21 às 23h30. É uma pena que não tenha sido feito um catálogo desta exposição, com as preciosas fotografias (do espólio de Américo Ribeiro, oferecido ao Município pelo Valdemar Capítulo) e objectos do Museu do Mar, e sobretudo com os textos que os contextualizam. Uma palavra de apreço para os seus principais autores: Luís Ferreira, Andreia Conceição, Rui Marques, João Ventura e Fernanda Rodrigues — bem como para todos aqueles que ajudaram a criar e a manter a exposição aberta durante estes dias.
Um areal de gentes
«Retrospectiva da arte da pesca enquanto forma de vida e de desenvolvimento da comunidade sesimbrense, evidenciando a sua evolução histórica. A exposição recorre ao material exposto no Núcleo Museológico do Museu do Mar, ao espólio doado à Câmara Municipal de Sesimbra pelo fotógrafo Valdemar Capítulo, a recolhas de testemunhos orais e a registos escritos que abordam a temática da pesca na vila de Sesimbra.Para além desta perspectiva são apresentas outras actividades ligadas ao mar, como a pesca desportiva de alto-mar, a indústria conserveira e a religiosidade do povo de Sesimbra.»
Por causa do vermelho e verde ocorreu-me que esta fotografia, tirada hoje, poderia servir para assinalar os 97 anos da República. Os feijões, pimentos, pepinos e abóbora também se parecem oferecer como metáforas. E não é verdade que continuamos vergados sob o peso das necessidades materiais?
Sesimbra, por fora e por dentro: as grutas, a fauna cavernícola e a sua ecologia
Ana Sofia Reboleira, Fernando Correia
"Povoadas por inúmeras lendas e mitos, as grutas são cápsulas do tempo que conservam importantes registos para a construção da nossa identidade, dado que os seres humanos aqui se abrigaram nos princípios da humanidade e deixaram vestígios pré-históricos para memória futura da sua presença", explica Sofia Reboleira. "Mas, talvez mais importante que o passado, é dar a saber que estas albergam hoje estranhas formas de vida, permitindo reinterpretar a história da vida na terra e de como ela se transforma para sobreviver em ambientes tão inóspitos e extremos.", afirma ainda a especialista em fauna cavernícola.
"Exatamente por o tema ser tão singular e estranho, tivemos especial cuidado em criar e estruturar esta obra segundo uma linguagem acessível e motivadora, embora funcional e construtiva no edificar de um saber especial", argumenta Fernando Correia. O responsável pela ilustração da obra salienta: "Fizemos um grande esforço para que isso mesmo sobressaísse quer no discurso escrito, quer ao nível visual, por forma a impulsionar a leitura, e, de caminho, ajudar também a promover a exploração do concelho sob outros olhos. Procurámos construir um livro que cativasse e ensinasse de forma entusiástica — mas sem que pareça uma lição ou sem perder a necessária objectividade e correção científica — e onde a forma como se divulga a Ciência mais atual seja a adequada para a multitude de públicos a que a destinámos."
Além do especial cuidado dedicado ao texto escrito por ambos os biólogos (que contempla várias investigações desenvolvidas no concelho), foi feito um grande esforço para ilustrar profusamente o livro com imagens também inéditas, fotografias e ilustrações, esteticamente interessantes e sumamente didáticas (ao qual se adiciona um design sóbrio, mas fluido).
De realçar que as ilustrações são ilustrações científicas e, como tal, criadas propositadamente para complementar e, às vezes, suplementar, o discurso científico da obra, tornando-a, na perspectiva de um todo, muito mais completo e instigante à descoberta.
Os homens do mar de Sesimbra são sábios. Sempre souberam transmitir o seu conhecimento aos aprendizes atentos, aos capazes,
como escreveu Álvaro Ribeiro, de aceitar a audiência antes da evidência. Grau a grau, ou degrau a degrau, se ascende de moço a arrais, passando por companheiro.
Rafael Monteiro
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Gama, Cão ou Zarco
Não nasceram aqui.
Quem nasceu aqui foi o barco.
António Telmo
Marés em Sesimbra / Tide table [ mare.frbateaux.net ]
Fotos TrekEarth Photos.
Pesqueiros de Sesimbra (fishing sites)