Há algum tempo atrás um bando de aves imigrou para outras paragens, tal como os pais e avós sempre tinham feito. Duas das aves perderam-se devido ao nevoeiro, cansadas, procuraram um sítio para descansar e comer uma refeição. Encontraram dois barquinhos na doca que pareciam estar à sua espera. Sem saberem que era proibido pescar na zona, mergulharam os bicos sequiosos em busca de taínhas. A nossa piscosa forneceu-lhes o alimento desejado e as aves partiram com Sesimbra no coração.
Os passarocos maiores devem ser corvos marinhos, bicheza aqui das arribas do Espichel. Nome científico: phalacrocorax aristotelis. O país tem um Sócrates, mas nós temos vários Aristóteles.
Sesimbra, por fora e por dentro: as grutas, a fauna cavernícola e a sua ecologia
Ana Sofia Reboleira, Fernando Correia
"Povoadas por inúmeras lendas e mitos, as grutas são cápsulas do tempo que conservam importantes registos para a construção da nossa identidade, dado que os seres humanos aqui se abrigaram nos princípios da humanidade e deixaram vestígios pré-históricos para memória futura da sua presença", explica Sofia Reboleira. "Mas, talvez mais importante que o passado, é dar a saber que estas albergam hoje estranhas formas de vida, permitindo reinterpretar a história da vida na terra e de como ela se transforma para sobreviver em ambientes tão inóspitos e extremos.", afirma ainda a especialista em fauna cavernícola.
"Exatamente por o tema ser tão singular e estranho, tivemos especial cuidado em criar e estruturar esta obra segundo uma linguagem acessível e motivadora, embora funcional e construtiva no edificar de um saber especial", argumenta Fernando Correia. O responsável pela ilustração da obra salienta: "Fizemos um grande esforço para que isso mesmo sobressaísse quer no discurso escrito, quer ao nível visual, por forma a impulsionar a leitura, e, de caminho, ajudar também a promover a exploração do concelho sob outros olhos. Procurámos construir um livro que cativasse e ensinasse de forma entusiástica — mas sem que pareça uma lição ou sem perder a necessária objectividade e correção científica — e onde a forma como se divulga a Ciência mais atual seja a adequada para a multitude de públicos a que a destinámos."
Além do especial cuidado dedicado ao texto escrito por ambos os biólogos (que contempla várias investigações desenvolvidas no concelho), foi feito um grande esforço para ilustrar profusamente o livro com imagens também inéditas, fotografias e ilustrações, esteticamente interessantes e sumamente didáticas (ao qual se adiciona um design sóbrio, mas fluido).
De realçar que as ilustrações são ilustrações científicas e, como tal, criadas propositadamente para complementar e, às vezes, suplementar, o discurso científico da obra, tornando-a, na perspectiva de um todo, muito mais completo e instigante à descoberta.
Os homens do mar de Sesimbra são sábios. Sempre souberam transmitir o seu conhecimento aos aprendizes atentos, aos capazes,
como escreveu Álvaro Ribeiro, de aceitar a audiência antes da evidência. Grau a grau, ou degrau a degrau, se ascende de moço a arrais, passando por companheiro.
Rafael Monteiro
★
Gama, Cão ou Zarco
Não nasceram aqui.
Quem nasceu aqui foi o barco.
António Telmo
Marés em Sesimbra / Tide table [ mare.frbateaux.net ]
Fotos TrekEarth Photos.
Pesqueiros de Sesimbra (fishing sites)
4 Comentários:
Que aves são essas?
Fruto do parque natural?
Lovely peaceful capture today.
Pat
Guelph Daily Photo, Pat's Photo-a-Day
Há algum tempo atrás um bando de aves imigrou para outras paragens, tal como os pais e avós sempre tinham feito. Duas das aves perderam-se devido ao nevoeiro, cansadas, procuraram um sítio para descansar e comer uma refeição. Encontraram dois barquinhos na doca que pareciam estar à sua espera. Sem saberem que era proibido pescar na zona, mergulharam os bicos sequiosos em busca de taínhas. A nossa piscosa forneceu-lhes o alimento desejado e as aves partiram com Sesimbra no coração.
Os passarocos maiores devem ser corvos marinhos, bicheza aqui das arribas do Espichel. Nome científico: phalacrocorax aristotelis. O país tem um Sócrates, mas nós temos vários Aristóteles.
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