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sexta-feira, março 13, 2009

Sesimbra
Porto de Sesimbra, com o molhe construído nos anos 40 à direita. À esquerda o pequeno cais onde, depois de ampliado, foi colocado o primeiro edifício da lota. Ainda não havia o Hotel do Mar, que é de 1962. Ao longe são ainda visíveis a fábrica de bebidas ('pirolitos') do Proença e três edifícios do bairro dos Bombeiros. As banhistas que se vêem em primeiro plano são, certamente, do Parque de Campismo.Old photo of Sesimbra harbour, prior to 1962.



Foto enviada / photo sent by
Luís Filipe Cagica Pinto.
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36 Comentários:

Às 13/3/09 , Anonymous Anónimo disse...

Ainda não havia parque de campismo,e o campismo?

 
Às 13/3/09 , Anonymous Anónimo disse...

A Pesca.

 
Às 13/3/09 , Anonymous Anónimo disse...

Documento a documento se vai fazendo história da nossa Sesimbra, como referi esta imagem é vista do Forte de S Teodósio, em breve lhe mandarei uma outra da entrada à Mata Municipal de Campismo tirada do mesmo ângulo mas mais à esquerda não apanhando o Pontão, mas não menos interessante e presumo na mesma época.

 
Às 13/3/09 , Blogger Joao Augusto Aldeia disse...

Já havia Parque de Campismo.

 
Às 13/3/09 , Anonymous Anónimo disse...

À volta de todo este pontão existia uma densa "floresta" do chamado "golfe" onde a abundância de peixe reinava. Porque será que toda aquela flora desapareceu?

O OUTRO

 
Às 13/3/09 , Blogger Joao Augusto Aldeia disse...

Por toda esta costa existiam grandes concentrações dessas algas a que chamávamos golfo, e que são algas castanhas, também conhecidas como laminárias. A concentração maior de que me lembro era na praia do Ribeiro do Cavalo: era bom nadar nessa "floresta".

A pergunta que faz — porque desapareceram essas algas — é mais uma vez a "pergunta milionária". Aqueles que acusam a pesca de ter sido excessiva, não podem acusar os pescadores de terem acabado com o golfo. Também não foram os apanhadores de limo, que se limitavam a colher uma alga vermelha. Acho que ninguém sabe responder a essa pergunta, embora também seja difícil encontrar alguém que reconheça essa ignorância. Faça esta experiência: converse com um amigo e pergunte-lhe; se for um português, ele não tardará a encontrar uma resposta.

 
Às 13/3/09 , Anonymous Anónimo disse...

Eu acho que a chamada "pesca excessiva" é um assunto diferente da pesca que se faz(fazia) ali junto à costa e se calhar o desaparecimento do peixe está relacionado com o desaparecimento do "golfo".
O João diz que "acha que ninguém sabe responder à pergunta". Eu acho intrigante, que perante um fenómeno destes a comunidade científica ou não se interesse(é grave) ou não tenha uma resposta, e neste caso nem sei como catalogar a situação. Uma coisa eu sei, difícilmente se poderá culpar os pescadores, inclusive(na minha opinião) da falta de peixe.

O OUTRO

 
Às 13/3/09 , Anonymous Anónimo disse...

Podemos falar da poluição (exemplo) as máquinas de lavar roupa,loiça etc.
As toneladas de caulino que caem na orla marítima provenientes das pedreiras etc.

 
Às 13/3/09 , Anonymous Anónimo disse...

então e a poluição????

 
Às 13/3/09 , Blogger Joao Augusto Aldeia disse...

Tudo isso são hipóteses plausíveis. Mas eu não sei qual é a causa.

 
Às 14/3/09 , Blogger buik disse...

Aqui só há certezas.

 
Às 14/3/09 , Anonymous Anónimo disse...

A comunidade científica interessa-se aparentemente pelo fenómeno do desaparecimento das laminárias em Portugal. Vejam o site http://www.findkelp.org/kelp.shtml.As causas desse desaparecimento continuam por apurar. Parece óbvio que a pesca nada tem a ver com o assunto; o mesmo não se poderá dizer do seu papel no desaparecimento do peixe-espada branco.

 
Às 14/3/09 , Blogger Joao Augusto Aldeia disse...

Agradeço a informação. Por acaso não haverá um site informativo das investigações sobre as causas do desaparecimento do peixe-espada branco?

 
Às 14/3/09 , Anonymous Anónimo disse...

Aqui no mar de sesimbra não existe mais peixe espada branco para capturar .Extinguiram-se os cardumes.

 
Às 14/3/09 , Anonymous Anónimo disse...

Há uma coisa que não entendo , se mesmo intensiva a pesca do peixe espada branco era feita com anzóis de determinado calibre que só poderia apanhar peixes adultos e se cada anzol só apanhava um peixe , como é que as ovas e os juvenis desapareceram ? Será que o seu habitat foi modificado e como consequência procuraram outros locais para nascer ,viver e morrer?

 
Às 15/3/09 , Anonymous Anónimo disse...

Eventualmente a pesca de cerco (traineiras )capturam cardumes (ex)1,2 ton,de peixe espada branco com um tamanho de 30 centimetros, depois é devolvido ao mar,vivo ou morto.

 
Às 15/3/09 , Anonymous Anónimo disse...

"... se mesmo intensiva a pesca do peixe espada branco era feita com anzóis de determinado calibre que só poderia apanhar peixes adultos e se cada anzol só apanhava um peixe , como é que as ovas e os juvenis desapareceram ?"

As ovas são produzidas justamente pelos peixes adultos. Se ocorrer uma grande exploração predatória que cause redução significativa da população de peixes adultos, impedindo-os de gerar novos descendentes (sobrepesca de recrutamento), a pesca dessa espécie deixará de ser sustentável. Foi o que aconteceu ao saudoso peixe-espada branco de Sesimbra.

 
Às 15/3/09 , Anonymous Anónimo disse...

Outro paradigma do assunto:
A nossa frota de pesca ao peixe espada preto Há 20 30 anos?,começou a captura a 1h30m de navegação do Porto de Sesimbra, poque havia bastante peixe, capturas nunca inferiores a 1 tonelada hoje alguns navegam 6 horas até chegarem ao local de pesca (pesqueiro)outros estão estacionados em portos do norte de onde saiem para a faina,e é claro ,que quando as capturas são menores os armadores lançam mais anzois para mais capturas.

 
Às 17/3/09 , Anonymous Anónimo disse...

E:
Os barcos que estão em portos mais a norte se calhar tambem vão apanhar todo o peixe que lá existe não?
Em Marrocos haviam centenas de barcos a apanhar milhares de toneladas de peixe-espada branco durante anos e anos e cada vez havia mais peixe espada branco
não venham com a mentira que já não há!
Porque o que não há, são barcos e companhãs para o irem pescar!
Ainda tenho atravessado na garganta,o dinheiro que a CEE deu aos Armadores de Sesimbra,e de outros lados,mas eu falo dos de Sesimbra porque são os que tenho conhecimento!
Para novos barcos e passado meses voltaram a dár dinheiro para ABATER os mesmos.
Agora meus amigos quem vai pagar?
Somos nós não é?
Agora digam-me não eramos tão felizes com a nossa moedinha,que era uma m---- mas pra nós tava muito bem!
Uma bica era 50 escudos logo virou 50 centimos os 50 são os mesmos e as pessoas tambêm mas o valor dobrou não é

ainda á pouco vi uma entrevista de uma miuda que tem uma doença rarissima a Mãe recebe 50 euros de ajuda do estado por mês!
Uma criança que aos 14 anos parece uma velhinha,será que esta familia não merecia um pouco mais de ajuda?
Ainda eu vou ouvir determinadas pessoas dizerem que esta ou aquela escola de samba não foi ajudada como deveria de ser.

 
Às 17/3/09 , Anonymous Anónimo disse...

Pois é meu amigo o mar não tem portas!
e o peixe como outra qualquer coisa quando está mal muda-se!
senão veja-se o exemplo dos emigrantes!
Os Pescadores só tem de o procurar mas como os nossos Mestres de agora só sabem os mesmos pesqueiros de sempre o que fazer então?
O que não falta são funduras "fossas" e buracos de funduras para pescar!
Mas sabe bem meter os vigias ao leme e dormir até o G.P.S apitar a dizer que chegou ao destino em vez de ligar a sonda e pesquisar os fundos durante a viagem
Trabalhei com Mestres assim
e digo mais agora as sondas até não gastam papel!!!!
e dizem quase a especie do peixe que está no fundo

 
Às 18/3/09 , Blogger ATM disse...

Caro João,

Esta tua resposta pareceu-me algo precipitada e essa do “se for um português, ele não tardará a encontrar uma resposta.” é forte demais …

• A pergunta que faz — porque desapareceram essas algas — é mais uma vez a "pergunta milionária". Aqueles que acusam a pesca de ter sido excessiva, não podem acusar os pescadores de terem acabado com o golfo. Também não foram os apanhadores de limo, que se limitavam a colher uma alga vermelha. Acho que ninguém sabe responder a essa pergunta, embora também seja difícil encontrar alguém que reconheça essa ignorância. Faça esta experiência: converse com um amigo e pergunte-lhe; se for um português, ele não tardará a encontrar uma resposta.

Hoje existe um forte consenso no meio científico e é do conhecimento dos mais interessados de que existem fortíssimas probabilidades de que as “laminárias” – assim como aquilo a que chamávamos as alfaces” entre outras coisas -, se terão extinguido devido e fundamentalmente ao tratamento dos cascos das embarcações da nossa frota de pesca e de recreio e aos estaleiros navais de Setúbal.

Uma das práticas correntes na manutenção das embarcações e navios é o de aplicar regularmente no casco – nas obras vivas – produtos que impeçam que algas, caramujos, lapas, mexilhões e outra diversidade biológica marinha, a ele se agarrem e interfiram no comportamento do casco em movimento, sobretudo no desempenho do “andamento”, refreando-o e assim retirar-lhe velocidade, o que se traduz no aumento do custo operacional da embarcação, seja por aumento significativo de tempo entre o ponto A e ponto B, seja pelo aumento do consumo de combustível para compensar essa perda de velocidade, forçando as máquinas a render mais.

(Para que se tenha a noção do que falo:
• 1 Milha náutica são 1.856 metros.
• 1 Nó, é 1 milha/hora.
• Uma embarcação que entre em perda de apenas 1 nó hora, devido a casco sujo, no final de 24 horas, atrasou-se 24 milhas em relação ao tempo previsto de chegada (grosso modo, 44,5 km).
• Se a embarcação tiver como velocidade de cruzeiro 8 nós, ou tem que, a essa velocidade, andar mais 3 horas ou tem de aumentar o regime da máquina para acelerar e chegar ao seu destino, à hora fixada – para descarga de frete, entrada em Porto, descarga em lota, etc.
• Um casco sujo pode significar a redução até 45% ou mais do desempenho do casco. (É só fazer as contas, como dizia o outro)

Acresce ainda que o peso desta biodiversidade agarrada ao casco constitui um lastro adicional e que tem interferência sobre a quantidade de carga que o navio pode estivar e ainda interfere com a agilidade com que o navio pode manobrar em cima de água.

Assim e ao longo da história da navegação os cascos sempre mereceram uma atenção especial dos mareantes.

Tradicionalmente, os nossos mareantes de Sesimbra levavam periodicamente as embarcações a seco (varavam), queimavam os cascos, raspavam os ditos, aproveitavam para calafetar e fazer pequenas reparações e depois aplicavam produtos compostos, entre outros, com alcatrão, resina de pinheiro, pez, ao que ao conjunto se chamava vulgarmente de “picoque” e que emprestava à doca um cheiro muito característico que ainda hoje recordo.

Até meados dos anos 60 do século passado esta era a forma de tratar os cascos da nossa frota de pesca, ainda que desde 1708, as frotas da marinha de guerra e os navios comerciais, tenham adoptado a introdução do cobre nestas misturas pela descoberta do britânico Charles Perry, de que este produto era altamente eficaz na protecção dos cascos.

Os resultados da aplicação do cobre foram tão convincentes que a partir de 1770 a Royal Navy decidiu aplicar o cobre a toda a frota britânica. O cobre previne o crescimento de qualquer alga ou outro organismo que se agarre ao casco. No seu contacto com a água salgada desenvolve ainda uma película altamente venenosa de oxicloreto de cobre, absolutamente venenoso para todas as criaturas marinhas.

Mais ainda, o oxicloreto de cobre é razoavelmente solúvel na água o que não só impede que as vida marinha se prenda ao casco, como a liquida nos arredores das grandes concentrações do produto, como portos, docas e estaleiros – uma das explicações para a esterilidade do rio Tamisa.

Acresce que o cobre tem efeitos não só mortais sobre a vida marinha como afecta a sua estruturação genética sobre os sobreviventes (caso das ostras que em Setúbal teve um impacte capaz de alterar o sexo dos indivíduos, esterilizando-os).

É a partir dos anos sessenta que acontecem dois desastres ecológicos em Sesimbra, entre outros. Os estaleiros navais em Setúbal e a introdução massiva do chamado anti-fouling na nossa frota.

O primeiro passa a revestir os cascos dos navios que constrói ou repara com anti-fouling e a nossa frota, deixou os métodos tradicionais, para adoptar o produto.

O anti-fouling não é mais do que uma tinta – simples de dar -, com uma composição química, inicialmente com cobre e depois com outros produtos altamente venenosos, cada vez mais eficazes para o tratamento dos cascos.

As águas do Sado despejando nas nossas águas, anos após anos, os resíduos químicos dos anti-fouling e a permanência, a nado, das nossas embarcações, regularmente tratadas com este tipo de produtos, acabaram por afectar a bio diversidade de forma fatal e entre elas as laminárias.

As grandes densidades de laminárias constituíam o local de abrigo das espécies piscícolas e operavam como “espécie” de berçários/infantários dos peixes que se chegavam à costa para a desova.

Os limos castanhos, aquela alga vermelha e a que tão categoricamente te referes como não ter sido a sua apanha um contribuinte para a “desertificação” piscícola da nossa costa, foi um outro desastre ecológico terrível.

Aquelas algas eram o pasto dos peixes herbívoros da nossa costa, que por sua vez alimentavam os carnívoros (garoupas, chernes e outros) que os vinham “papar”. A apanha de algas castanhas foi um crime, um crime tremendo que não pode ser assim aligeirado.

A apanha dessas algas, sem nenhum de nós suspeitar, o tratamento dos nosso barcos, sem nenhum de nós ter ideia, os estaleiros de Setúbal, sem nenhum de nós imaginar, deram-nos um ponta pé tremendo entre as pernas que por si já doeria e muito mais dói, quando associado a outros infortúnios que nos tocaram, mas que para hoje, não são aqui chamados.

Fica um abraço amigo
ATM

PS - Estas questões do anti-fouling são hoje objecto de muita regulamentação internacional, vale a pena dar uma vista de olhos em:
http://www.imo.org/Environment/mainframe.asp?topic_id=223

 
Às 18/3/09 , Blogger Joao Augusto Aldeia disse...

Caro ATM, agradeço o seu comentário, mas creio que as suas afirmações de que existe um «forte consenso no meio científico» e «fortíssimas probabilidades» revelam, afinal, que o que não existe são provas científicas de que a causa do desaparecimento das laminárias tenha sido aquela que refere. Isso não é ciência, é "story telling", palpites apoiados em analogias recolhidas na literatura e substituindo o tão necessário trabalho de investigação.

 
Às 18/3/09 , Anonymous Anónimo disse...

Já percebi o raciocínio do Sr. Aldeia! Havendo só "forte consenso no meio científico e fortíssimas probabilidades" de o Homem descender do macaco, e não havendo qualquer prova inequívoca de isso ter acontecido assim, então esta teoria é também story telling!

 
Às 19/3/09 , Blogger Joao Augusto Aldeia disse...

No que eu acredito, porque existe muita evidência nesse sentido, é que o homem e o macaco possuem um antepassado comum — não que o homem descende do macaco, isso parece-me ser uma formulação distorcida da teoria da evolução. Essa evidência é mesmo avassaladora: numerosos registos fósseis cujas características e datação provam tal ascendência. Não me parece ser uma boa analogia para o caso do desaparecimento das laminárias.

 
Às 19/3/09 , Blogger ATM disse...

Caro João,

É absolutamente verdade que as afirmações de que existe um «forte consenso no meio científico» e «fortíssimas probabilidades», não configuram ainda, nem de perto nem de longe, ciência feita.

Sabes tão bem como eu que a ciência parte de hipóteses, de axiomas, de postulados, de cenários plausíveis (e quantas vezes mais absurdos, do que plausíveis), para os quais depois se avança com a investigação até se alcançar ou não, na medida do possível com os conhecimentos e os meios disponíveis nessa altura, à sua validação.

Se todas as hipóteses de trabalho fossem classificadas de “story telling” provavelmente ainda não tínhamos saído das cavernas. O Darwin, por exemplo – e que ambos aceitamos pelo que vi –, terá certamente começado também a pensar e a ordenar o seu pensamento com um “story telling”.

O que acontece é que o “story telling” que aqui plasmei não é produto meu (gostaria que fosse, mas não é), é aquele que emana da comunidade científica e das muitas hipóteses de trabalho das que lhes servem de ponto de partida e que estimulam a minha curiosidade.

Tive o cuidado de enviar um link onde se pode verificar que o assunto dos anti fouling é uma preocupação e que de algum modo o que “postei” não é assim tão ao lado da coisa, como fazes parecer na tua reflexão.

Por fim, aos que postulam estas ideais, estas hipóteses, pois que se dediquem à investigação. Aos leigos, como eu, mas razoavelmente informado e muito curioso, dá-me gozo fazer, com seriedade, uma chamada de atenção inócua para novos ângulos de análise e de observação das coisas. Neste caso ao desaparecimento das laminárias e dos pastos para a bicharada escamuda e de barbatanas, entre outras tragédias ecológicas que na nossa costa aconteceram.

Por fim e no essencial, caro João, penso não ter escrito assim tanta asneirada no meu post anterior para a coisa morrer pelo descartável “palpite apoiado em analogias”.

Liquidar por liquidar outras opiniões, ideias e hipóteses, pois que se degole o emissor da mensagem – os tipos da ciência – e não o mensageiro – este humilde “postador” – que apenas “comunica” que há visões interessantes (vindas dos homens de bata branca), para serem estudadas e investigadas, nas devidas proporções, por quem se interessa por estes assuntos.

Um abraço amigo
ATM

 
Às 19/3/09 , Blogger Joao Augusto Aldeia disse...

Caro ATM: as hipóteses científicas são geralmente, e desejavelmente, story telling, isto é, palpites (ou intuições) sobre relações entre factos conhecidos; mas isso ainda não é ciência: torna-se necessário investigar, comprovar as hipóteses, formular a teoria; e mesmo que se conclua que a hipótese estava errada, isso também faz parte do processo científico. Contudo, esse processo tem ainda um passo a dar: a divulgação dos resultados na comunidade para que possam ser replicados, validados.

O sistemas ecológicos, com uma complexidade de interdependências, são particularmente difíceis de investigar e penso que devemos encarar este caso dos mares de Sesimbra com modéstia científica (devido aos modestos resultados científicos) — mas é apenas uma opinião pessoal.

 
Às 19/3/09 , Anonymous Anónimo disse...

Em relação ás algas lembro-me perfeitamente em miudo quando mergulhava existir muito dessas algas, em que o peixe desovava ,com a poluição da Secil e do pó das pedreiras foi-se acomulando uma nata nas rochas, prejudicando o desenvolvimento das mesmas.
É absurdo alguém dizer que as Traineiras foram responssáveis pela extinção do peixe pada branco.
Os pescadores têm alguma culpa com a utilização de certas artes de pesca mas o principais dizimadores de peixes e algas foram os poluidores.
Penso que num futuro próximo com as implementação das ETARES possamos ter esperança em relação ao futuro.

 
Às 20/3/09 , Blogger ATM disse...

Caro João,

Pelo que vejo e como não poderia deixar de ser, estamos de acordo no essencial daquilo a que vulgarmente se chama o método científico e acabo até, por simpatizar com o estilo literário de passar a denominar hipóteses de trabalho, como “story telling”.

Assim como creio que estamos de acordo na liberdade que todos temos em lançar novas e outras visões das coisas, com autenticidade, contribuindo talvez para o processo individual que cada um pode fazer para se interessar pelos assuntos, aprofundá-los e ganhar uma opinião cada vez mais informada.

O facto de divergirmos, com o nosso estatuto de leigos, porque foi que as laminárias acabaram, é bom e salutar. Nem eu nem tu temos ainda dados “científicos” que nos permitam consolidar explicações, mas creio que ambos estamos alerta.

Um abraço amigo
ATM

 
Às 20/3/09 , Anonymous Anónimo disse...

Globalmente o díalogo foi muito interessante e "vivinho da costa" como convém, nalguns casos denota muito saber!
No que me diz respeito, agradeço a informação que desconhecia e a solidificação daquilo que estava pela "rama".
Parabéns à equipa do "antibotabaixo"!

 
Às 20/3/09 , Anonymous Anónimo disse...

Caro ATM,

Felicito-o pelo seus comentários pedagógicos sobre a questão
do desaparecimento das laminárias. Quanto ao Dr. João Aldeia, pese o exagero da comparação, faz-me lembrar o apóstolo S. Tomé: só toma como certo e verdadeiro o que ele mesmo pode ver e tocar.

Cumprimentos,
MP

 
Às 20/3/09 , Anonymous Anónimo disse...

Aquele ditado que diz quem não sabe é como quem não vê!...

 
Às 20/3/09 , Blogger Joao Augusto Aldeia disse...

MP: isso, no caso da ciência, não é verdade; seria impossível que cada um repetisse ou assistisse directamente a todas as experiências científicas; por isso temos de acreditar no que os investigadores publicam. Contudo, a ciência tem um método, e é precisamente por eu ter em grande consideração a boa investigação científica que não a confundo com analogias lógicas. Também conheço a teoria do "consenso científico", a qual, só por si, constitui uma negação do conhecimento científico (ou seja, que nunca há provas definitivas de nada, apenas consensos provisórios). Mas a História já mostrou inúmeras vezes que não é por haver uma esmagadora maioria a acreditar em algo que o transforma numa verdade.

De certa forma, é também por um "consenso" facilitador que se continua a ensinar nas escolas que a gravidade é (ou exerce) uma "força" de atracção mútua entre os corpos celestes, 100 anos depois dessa mesma formulação ter sido substituida pela teoria da Relatividade. A ironia disto é que até o próprio criador da teoria, o grande Newton, sabia que não havia nenhuma "força".

Agradeço as várias intervenções, todas interessantes, e deixem-me reiterar uma informação aqui deixada por um anónimo: a do projecto FindKelp →

Enunciando muito avisadamente o problema: «Em Portugal, a avaliação do estado de conservação de espécies ameaçadas como as laminárias é muito reduzido. A insuficiência deste tipo de conhecimento dificulta o desenvolvimento de medidas de gestão eficazes que permitam a manutenção e equilíbrio dos ecossistemas marinhos», o projecto apela à comunidade e à colaboração de investigadores, mergulhadores amadores e profissionais, pescadores, apneistas, entre outros, visando documentar o estado actual das florestas de laminárias.

 
Às 20/3/09 , Blogger Joao Augusto Aldeia disse...

Numa releitura destes textos, reparei melhor nesta afirmação de ATM, dirigindo-se a mim:

«aquela alga vermelha e a que tão categoricamente te referes como não ter sido a sua apanha um contribuinte para a "desertificação" piscícola da nossa costa»

Ora eu nunca disse ou escrevi semelhante coisa. O que escrevi (releia-se) foi: «não podem acusar os pescadores de terem acabado com o golfo. Também não foram os apanhadores de limo, que se limitavam a colher uma alga vermelha».

Na realidade, admito que a "limpeza" da alga agarófita (vermelha) possa ter sido um dos factores responsáveis pela redução da diversidade piscícola, tal como o desaparecimento do golfo (laminárias, alga castanha), ainda que não seja evidente qual a causa do desaparecimento desta última; o problema é mundial, e como suspeitos encontram-se tanto a poluição como alterações ambientais (temperatura das águas) e até os ouriços.

Despois ATM escreve: «A apanha dessas algas, sem nenhum de nós suspeitar (...)»

Também não foi bem assim. Em 1973, no âmbito da proposta de criação do Parque Marítimo de Sesimbra, a apanha de algas foi expressamente referida, juntamente com a poluição industrial e o arrasto, como um dos problemas mais graves. O arrais Alberto Pitôrra, que entrevistei em Setembro desse ano, disse então: "as algas são a cama, os lençóis e o cobertor dos peixes". E escrevi eu que "a destruição dos pesqueiros se opera tanto na fauna como na flora e é importante lembrar que, na flora marítima, algumas espécies não servem de alimento mas de protecção à desova e criação dos peixes". Também o professor Luíz Saldanha, nessa mesma altura, chamou a atenção para as consequências negativas da apanha de algas com escafandro, arrancando-as pela raiz (ao contrário da apanha tradicional com ancinho, que deixava a raiz).

 
Às 20/3/09 , Anonymous Anónimo disse...

Recordo que fui eu quem colocou a questão que originou este aceso e enriquecedor debate.Fi-lo porque nadar, mergulhar e desfrutar aquele ambiente, fez parte de muitos anos da minha infância e adolescência, o que agora recordo num misto de alegria e nostalgia.Agradeço portanto a todos que ousaram participar especialmente ao ATM que revelou dados que eu desconhecia e que de certa forma se aproximam da minha teoria, embora não existam resultados comprovados. Mas agora eu pergunto de novo: Considerando que a teoria está correcta, se o produto(anti-fouling)fosse proibido ou substituído por outro não nocivo, existiria a possibilidade de regeneração daquela flora?

Abraço

O OUTRO

 
Às 21/3/09 , Blogger ATM disse...

Caro João

Em relação ao teu “Post” de resposta a MP, apenas uma pequena nota.

Que há uma relação directa, cientificamente comprovada e publicada dos efeitos perniciosos do anti-fouling sobre a biodiversidade marinha, não há hoje em dia qualquer dúvida, razão pela qual toda a preocupação legislativa que se apresenta em http://www.imo.org/Environment/mainframe.asp?topic_id=223.

A questão que nos tem levado a trocarmos os nossos pontos de vista é se o mesmo, também aconteceu aqui connosco em Sesimbra.

No teu último “Post” sobre as algas vermelhas, tens razão e peço-te desculpa da forma precipitada como li e enquadrei aquela tua frase. Penso que reagi ao teu “limitavam”, interpretando esse vocábulo na frase como coisa ou acção banal e inócua do ponto de vista da agressão ambiental e não no sentido que lhe querias dar que será o de “actividade/trabalho”.

É verdade que algumas pessoas mais avisadas não só entenderam de um ponto de vista do conhecimento científico (Luís Saldanha) como de um ponto de vista do conhecimento empírico (Alberto Pitôrra), a agressão que estava a ser feita com a apanha das algas, porém não passavam disso mesmo, uma mão cheia de pessoas que não tiveram, infelizmente, a força para passarem o que sabiam e conheciam. E quando alguma coisa passou, os ouvidos não foram muitos.

Caríssimo João e restantes leitores deste magnifico Blog, que tão positivamente seguem este debate e nele também mergulham e participam, o essencial é que tendo opiniões, conhecimentos, abordagens, linguagens e estilos diferentes, muitos de nós estamos atentos e temos preocupação em saber como foi, o que se passa e o que necessitamos saber, no mínimo para ter uma opinião e idealmente, para que alguns até se possam tornar interventivos e factores de mudança. E isso é bom.

Um abraço amigo
ATM

 
Às 3/4/09 , Anonymous Anónimo disse...

Muito interessante este debate! A visão transmitida pelo ATM abre-nos o apetite para investigar-mos mais este assunto.

 

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