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domingo, janeiro 25, 2009

Sesimbra
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A Tragédia: não era anuário, nem hebdomanário, nem semanário: era sim o único "horário" publicado em todo o mundo.The Tragedy: handwritten humorous newspaper of 1932, published "hourly" by João Pereira Ramada Crespo.
Creio que João Pereira Ramada Crespo, empresário-tipógrafo, tenha sido o mais criativo e diversificado jornalista de Sesimbra. Repórter, cronista (já em 1933, seis anos antes da II Guerra Mundial, publicava no Sesimbrense uma crónica contra "Hitler, o Títere"), grande efabulador, animador voluntarioso do meio cultural sesimbrense, João Ramada Crespo foi ainda o criador do jornal manuscrito e humorístico A Tragédia, o "horário trágico" que "não tem ideias", fundado por Pele e Osso.
LARGUEM O HOMEM
     TENHAM dignidade, senhores! Mostrem o rosto, poltrões! Para que servem as cartas anónimas repletas de ameaças, que eu todos os dias a todas as horas recebo?! Parvos, grandíssimos idiotas que julgais que eu só sei empunhar a pena!
     Venham para mim, cara a cara, e repitam as ameaças. Não tremam, canalhas.
     Perdão, tremam agora ricos, poderosos, chantagistas, escroc's e toda a ralé que me ladra às canelas. Com que então ameaças!...
     Pois veremos quem leva a melhor.
     "A Tragédia", que eu superior e inferiormente dirijo tem poupado alguns facínoras de alto calibre. Pois bem, daqui em diante não poupará ninguém. É malandro? Desmascara-se.
     Tremam, senhores, tremam!

FORÇA ARMADA
     Há dias fomos surpreendidos pela chegada de alguns milhares de soldados armados até aos dentes, com artilharia pesada e leve, que pôs em alvoroço a população.
     "A Tragédia", sempre em dia com todos os acontecimentos, pode informar que esse batalhão foi requisitado pelo sr. João Mota para dar batalha a um formidável exército de pulgas que se apoderou do seu Salão de Espectáculos.

6 Comentários:

Às 26/1/09 , Anonymous Anónimo disse...

Tive o previlégio de entrar muitas vezes na sua oficina na rua da "Palmeira", para encomendar a impressão de publicidade, a mando do meu avô José Miguel Dias. O Sr. João Crespo era um Cavalheiro, não se importava de perder alguns minutos a explicar aos miúdos a sua arte de impressão com os caracteres de chumbo. Aproveito para enviar um abraço ao seu filho Luís.

 
Às 26/1/09 , Anonymous Anónimo disse...

Só para esclarecer: João Pereira Ramada Crespo era o mais velho da família, o autor do texto e que faleceu 1º; o Luis é filho do mais novo, Manuel Pereira Crespo, falecido há 3 anos.
M.E.

 
Às 27/1/09 , Anonymous Anónimo disse...

Agradeço o esclarecimento, estava efectivamente a referir-me ao pai do Luís. Na idade que tinha conhecíamos os mais velhos pelo apelido, e não resisti a comentar porque lembro-me o encanto que eu e os meus amigos tínhamos quando descíamos aqueles degraus e víamos a técnica de impressão, tão deslumbrante como as novas tecnologias para os jovens de hoje.

 
Às 27/1/09 , Anonymous Anónimo disse...

Para M.E.: Além do esclarecimento ficando a saber um pouco mais acerca dos Homens que promoveram a cultura na nossa terra, como foi o caso do seu Pai, quero deixar uma nota, recordando com saudade o meu colega José Manuel R C pelo seu "low profile" e inteligência. Os meus Cumprimentos.

 
Às 27/1/09 , Anonymous Anónimo disse...

Fico sensibilizada com estas palavras. Obrigada Cagica!

 
Às 3/4/09 , Anonymous Leivinha disse...

O meu tio João era o maior a fazer palavras cruzadas.E mais coisas...

 

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