Porque foi a última a ser construída. O castelo, que nunca teve a actual forma no tempo da moirama, foi construído ou reconstruido e ampliado pelo cristãos, e a cerca (ou seja, a muralha exterior, porque "castelo", verdadeiramente, é apenas a parte melhor fortificada acima da porta do Sol) deve ter crescido à medida que a vila medieval aumentava. A última coisa a ser construída foi esta torre, ficando conhecida como Torre Nova.
Uma curiosidade: no castelo ficava a guarnição militar e o alcaide; era a parte nobre. O povo ficava na parte protegida pela cerca. Do ponto de vista do nobre, o habitante da vila era um ser desqualificado, e foi por isso que o adjectivo "vilão" (morador na vila) adquiriu o sentido pejorativo que tem hoje.
Uma precisão: da maneira como escrevi, parece que a cerca foi construída a pouco e pouco, mas não era isso que queria dizer. Não se sabe quando foi construída, mas pode não ter sido logo depois da conquista, e apenas quando a povoação adquiriu maior dimensão.
Quando as guerras se passaram a fazer a tiros de canhão, em Portugal muitos castelos medievais foram substituídos por muralhas grossas e inclinadas, destinadas a deflectir os projécteis. Mas nessa altura a vila de Sesimbra já estava à beira mar, e o que foi construído nesse estilo foi a Fortaleza de Santiago. Pode dizer-se que a conservação do Castelo na sua configuração medieval se deve à Fortaleza. Mesmo assim ainda acrescentaram ao castelo uns pequenos revelins no lado sul, que destoam do resto (ver desenho).
Sesimbra, por fora e por dentro: as grutas, a fauna cavernícola e a sua ecologia
Ana Sofia Reboleira, Fernando Correia
"Povoadas por inúmeras lendas e mitos, as grutas são cápsulas do tempo que conservam importantes registos para a construção da nossa identidade, dado que os seres humanos aqui se abrigaram nos princípios da humanidade e deixaram vestígios pré-históricos para memória futura da sua presença", explica Sofia Reboleira. "Mas, talvez mais importante que o passado, é dar a saber que estas albergam hoje estranhas formas de vida, permitindo reinterpretar a história da vida na terra e de como ela se transforma para sobreviver em ambientes tão inóspitos e extremos.", afirma ainda a especialista em fauna cavernícola.
"Exatamente por o tema ser tão singular e estranho, tivemos especial cuidado em criar e estruturar esta obra segundo uma linguagem acessível e motivadora, embora funcional e construtiva no edificar de um saber especial", argumenta Fernando Correia. O responsável pela ilustração da obra salienta: "Fizemos um grande esforço para que isso mesmo sobressaísse quer no discurso escrito, quer ao nível visual, por forma a impulsionar a leitura, e, de caminho, ajudar também a promover a exploração do concelho sob outros olhos. Procurámos construir um livro que cativasse e ensinasse de forma entusiástica — mas sem que pareça uma lição ou sem perder a necessária objectividade e correção científica — e onde a forma como se divulga a Ciência mais atual seja a adequada para a multitude de públicos a que a destinámos."
Além do especial cuidado dedicado ao texto escrito por ambos os biólogos (que contempla várias investigações desenvolvidas no concelho), foi feito um grande esforço para ilustrar profusamente o livro com imagens também inéditas, fotografias e ilustrações, esteticamente interessantes e sumamente didáticas (ao qual se adiciona um design sóbrio, mas fluido).
De realçar que as ilustrações são ilustrações científicas e, como tal, criadas propositadamente para complementar e, às vezes, suplementar, o discurso científico da obra, tornando-a, na perspectiva de um todo, muito mais completo e instigante à descoberta.
Os homens do mar de Sesimbra são sábios. Sempre souberam transmitir o seu conhecimento aos aprendizes atentos, aos capazes,
como escreveu Álvaro Ribeiro, de aceitar a audiência antes da evidência. Grau a grau, ou degrau a degrau, se ascende de moço a arrais, passando por companheiro.
Rafael Monteiro
★
Gama, Cão ou Zarco
Não nasceram aqui.
Quem nasceu aqui foi o barco.
António Telmo
Marés em Sesimbra / Tide table [ mare.frbateaux.net ]
Fotos TrekEarth Photos.
Pesqueiros de Sesimbra (fishing sites)
4 Comentários:
Torre nova porquê??
Porque foi a última a ser construída. O castelo, que nunca teve a actual forma no tempo da moirama, foi construído ou reconstruido e ampliado pelo cristãos, e a cerca (ou seja, a muralha exterior, porque "castelo", verdadeiramente, é apenas a parte melhor fortificada acima da porta do Sol) deve ter crescido à medida que a vila medieval aumentava. A última coisa a ser construída foi esta torre, ficando conhecida como Torre Nova.
Uma curiosidade: no castelo ficava a guarnição militar e o alcaide; era a parte nobre. O povo ficava na parte protegida pela cerca. Do ponto de vista do nobre, o habitante da vila era um ser desqualificado, e foi por isso que o adjectivo "vilão" (morador na vila) adquiriu o sentido pejorativo que tem hoje.
O castelo é lindo. A explicação,bem feita. Hoje aprendi mais alguma coisa da história, tão ignorada, dos nossos castelos.
Obrigada pela lição.
Maria
Uma precisão: da maneira como escrevi, parece que a cerca foi construída a pouco e pouco, mas não era isso que queria dizer. Não se sabe quando foi construída, mas pode não ter sido logo depois da conquista, e apenas quando a povoação adquiriu maior dimensão.
Quando as guerras se passaram a fazer a tiros de canhão, em Portugal muitos castelos medievais foram substituídos por muralhas grossas e inclinadas, destinadas a deflectir os projécteis. Mas nessa altura a vila de Sesimbra já estava à beira mar, e o que foi construído nesse estilo foi a Fortaleza de Santiago. Pode dizer-se que a conservação do Castelo na sua configuração medieval se deve à Fortaleza. Mesmo assim ainda acrescentaram ao castelo uns pequenos revelins no lado sul, que destoam do resto (ver desenho).
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