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Planta da Vila de Sesimbra, do período entre 1568 e 1570, com desenho de ruas e quarteirões, e estudo para a construção de um grande forte envolvendo a vila. Este forte nunca foi construído, tendo-se optado por uma pequena muralha ao longo da praia, da qual já não existem hoje vestígios. A Fortaleza de S. Tiago só viria a ser construída cem anos depois, em 1648.
É bastante visível a principal via de entrada na vila, hoje Ruas Ramada Curto/Cândido dos Reis, à qual se encostava a Capela de S. Sebastião. O traçado das actuais ruas Joaquim M. Pólvora (R. do Forno), Eça de Queiroz, da Caridade, da Esperança, da Fé e Largo Infante D. Henrique (da Torrinha), já ali estavam bem desenhados, bem como a actual Rua da República. Também estão claramente assinalados dois rios, um correndo desde o grande vale de Sesimbra (actualmente sob a Av. da Liberdade) e outro correndo no vale a nascente deste (actualmente sob a zona da Rua Amélia Frade). Curiosamente, a planta sugere que já nesta altura se encontravam encanados sob algumas das casas, até confluírem, de novo a céu aberto, no actual Largo de Bombaldes e correndo depois pela praia até ao mar.
Outro aspecto interessante revelado pela planta é que a zona onde foi depois construída a Fortaleza estava, pelo menos em parte, ocupada com edificações.
Um aspecto curioso deste projecto é que tinha uma zona mais fortificada a nascente, uma "cidadela" destinada à guarnição e governo militar, separada e defendida do resto da vila por muralhas e um fosso (cidadela cujo extremo nordeste ficaria sobre o Calvário). Tratava-se, afinal, de uma filosofia idêntica à do castelo medieval, onde existia a alcáçova, destinada à elite, melhor defendida do que o resto da povoação, embora esta também estivesse protegida por muralhas (a denominada "cerca"). A ideia é sempre a mesma: o conjunto fortificado destinava-se à defesa contra agressores externos, mas a alcáçova e a cidadela destinavam-se à defesa da elite contra o povo da terra, que de vez em quando também se revoltava.
O original desta planta encontra-se na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, e deve ter ido parar ao Brasil quando a corte para ali se mudou em retirada estratégica face às invasões napoleónicas. Uma análise da planta e do seu contexto histórico foi feita por Rafael Moreira e encontra-se publicada no livro "Sesimbra Monumental e Artística", que pode ser consultado na Biblioteca de Sesimbra (página 188).
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