Benjamin Braddock (Dustin Hoffman) e Mrs. Robinson (Anne Bancroft)
Fui ontem ver o filme "Bobby" ao Cine Teatro João Mota: a primeira vez depois de muitos anos. Uma das surpresas foi ver o filme interrompido para intervalo, como acontecia antigamente. Mas as surpresas não ficaram por aí. Logo no início do filme, cujo tema é o assassinato do senador Robert Kennedy em 1968, alguns personagens falam doutra fita dessa época, "A Primeira Noite" ("The Graduate"), um dos grandes filmes que vi no velho cine-teatro. "A Primeira Noite" representou a "revelação" de Dustin Hoffman com grande actor do cinema americano, no papel de um estudante recém-licenciado que se confronta com a profissão que os pais lhe destinam, e que é seduzido pela mãe da namorada. É precisamente sobre a actriz que desempenha este papel, Anne Bancroft, que se discute em "Bobby": nas cenas mais ousadas, teria ela mostrado os seus verdadeiros atributos físicos, ou teria usado uma substituta? Não me lembro de esta dúvida ter assaltado os jovens sesimbrenses, mas recordo que o filme foi muito apreciado: pelo tema, pela ousadia das cenas de sedução, pelo humor e também pela música de Simon & Garfunkel. A canção mais famosa do filme é certamente "Mrs. Robinson", a senhora a quem Dustin Hofman pergunta espantado: "Mrs. Robinson, you're trying to seduce me. Aren't you?" Resposta: "Would you like me to seduce you?"
O filme "Bobby" também inclui canções de Paul Simon e uma delas, apesar de muito conhecida, surgiu numa versão raramente ouvida, embora muito citada por causa da passagem da música acústica para a música "eléctrica". O duo Simon & Garfunkel tinha lançado "Sounds of Silence" em 1965, com acompanhamento de guitarras acústicas, em estilo "folk", mas não teve sucesso. Paul continuou no circuito artístico enquanto Garfunkel regressou à escola para concluir os estudos. Nessa altura o grupo The Byrds conseguiu um grande sucesso comercial com uma composição de estilo folk mas com acompanhamento de guitarras eléctricas: "Mr. Tambourine Man" - um sucesso bastante maior do que o próprio autor da canção, Bob Dylan. Então os estúdios resolveram voltar a lançar "Sounds of Silence", acrescentando-lhe acompanhamento "eléctrico" e uma forte batida de bateria: foi igualmente um sucesso estrondoso. Dizem que Paul Simon, que estava em Inglaterra e não fora consultado, começou por ficar muito aborrecido. Mas mudou logo de opinião e quando gravou o disco seguinte já tinha aderido ao estilo "eléctrico". E foi a rara versão acústica de "Sounds of Silence" que ouvi ontem, pela primeira vez, no Cine Teatro João Mota: um bónus a somar a um filme que também apreciei muito.
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