ll

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Livros da Biblioteca

Editora: Teorema
Edição portuguesa: 2006
Tradução: Paula Reis
Nº Páginas: 312
Edição francesa original: 2004


Como Napoleão não conseguiu vencer o "vespeiro português"
Francisco Neves - jornal Público

     «Foram más e pouco mudaram desde a monarquia de Versalhes ao império Napoleónico as relações entre a França e Portugal. Napoleão nunca entendeu a especificidade do pequeno país da Península Ibérica e a tentativa da sua "integração europeia" esbarrou na diplomacia ambígua dos fracos e numa profunda tradição atlantista, que ainda hoje perdura. É, em esboço, a tese da arquivista e paleógrafa Nicole Gotteri em "Napoleão e Portugal", da editora Teorema.
     «Responsável, desde 1974, por acervos documentais do regime saído da Revolução Francesa, a historiadora Nicole Gotteri sentiu-se, segundo afirma numa entrevista, "fascinada pelo conflito ibérico, talvez a mais terrível das campanhas" napoleónicas. A aventura portuguesa do guerreiro francês tem sido o "parente pobre" da historiografia revolucionária e napoleónica. "No entanto - explicou a autora numa conferência na Sorbonne, em 2002 -, Portugal, país com dimensões reduzidas e com um governo frágil, representou, mais que qualquer outro Estado da Europa, um obstáculo à vontade imperial tão mais invencível quanto parecia poder ser facilmente neutralizado. Foi a grande e funesta ilusão que Napoleão acalentou. A sua ignorância da Geografia e da história de Portugal arrastou-o para projectos irrealistas, cujo fracasso era previsível."
     «As peripécias desse descalabro, em boa parte recorrendo à correspondência oficial e diplomática do momento, são aqui descritas. É o retrato de uma visão de Portugal, olhado como mero peão no grande confronto franco-britânico, e de um Portugal à beira da ruína que chegou a ver a casa real fugir e que perdeu temporariamente a soberania sobre a Madeira. A autora descreve a série de incidentes antifranceses ocorridos em Portugal e sublinha a diplomacia dúbia de um país vacilante entre duas superpotências, a sua "habitual táctica dilatória". Mas que, como escrevia Junot, no momento da verdade "declarar-se-á a favor de Inglaterra porque é o único meio para não morrer à fome". Como sublinha também a má preparação das invasões (o exército francês vê-se por mais que uma vez obrigado a mandar fazer milhares de sapatos para os soldados) e a violência do "vespeiro português", onde raramente se hesitava em matar os franceses feridos que ficavam para trás.
     «As "construções abstractas que o Imperador, fechado no seu gabinete, oferecia aos generais presentes no terreno" só ajudou a uma acumulação de malogros. O imperador "não possuía senão uma perspectiva sumária sobre o estado preciso de Portugal", escreve a autora. Ele "sempre desprezara as forças insurrectas com as quais os seus exércitos se haviam batido. Não fazia a menor ideia da mobilização popular.» [...]

5 Comentários:

Às 4/1/07 , Anonymous Anónimo disse...

João, há novo blog sobre sesimbra : mata-carta

 
Às 4/1/07 , Anonymous Anónimo disse...

www.magra-carta.blogspot.com.

 
Às 4/1/07 , Anonymous Anónimo disse...

Já fui pesquisar, mas não me parece que tenha a ver com Sesimbra. Terei visto mal?

 
Às 4/1/07 , Blogger Joao Augusto Aldeia disse...

Tem a ver apenas o facto de ser um livro da Biblioteca Municipal de Sesimbra.

 
Às 5/1/07 , Anonymous Anónimo disse...

Magra Carta é um blog, não um livro...

 

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial

Aguarelas de Turner|  O amor pelas coisas belas |  Angola em Fotos  Aldrabas e fechaduras| Amigos da Dorna Meca| Amigos de Peniche| André Benjamim| Ao meu lado| Arrábida| (flora) Arrábida| (notícias) Arrastão| @tlanti§| Atlântico Azul| Atitude 180| Badamalos| Banda da SMS|  Barcos do Norte | B. dos Navios e do Mar| Blasfémias| Blue Moon I|  Boa Noite, Oh Mestre! | Canoa da Picada|  Carlos Sargedas |  Caminhos da Memória |  Catharsis |  Caxinas... de Lugar a freguesia  | Cetóbriga| Clube Leitura e Escrita| Coelho sem Toca| Cova Gala|  Crónicas de 1 jornalista | De Rerum Natura|  Desporto Saudável | Dias com Árvores| *** Dona Anita ***| Do Portugal Profundo| El mar és el camí| Espaço das Aguncheiras| Estórias de Alhos Vedros|  Estrada do Alicerce | Expresso da Linha|  Filosofia Extravagante | Finisterra| Flaming Nora| Grão de Areia| Gritos Mudos| Homes de Pedra en Barcos de Pau| Imagem e Palavra| Imagens com água| Imenso, para sempre, sem fim| O Insurgente| J. C. Nero| José Luis Espada Feio|  Jumento  Lagoa de Albufeira| Mar Adentro Ventosga| Magra Carta| Marítimo| Mil e uma coisas| Milhas Náuticas| Molino 42| My Littke Pink World| Nas Asas de um Anjo| Navegar é preciso|  Navios à Vista |  Nazaré | Neca| Nitinha| Noites 100 alcool| Nós-Sela| Nubosidade variabel| O Calhandro de Sesimbra|  Orçadela | Página dos Concursos| Pedras no Sapato|  Pedro Mendes | Pelo sonho é que vamos| Pescador| Pexito do Campo|  A Pipoca mais Doce | Ponto de encontro| Portugal dos Pequeninos|  Praia dos Moinhos |  Quartinete | Reflexus| Rui Cunha Photography| Rui Viana Racing| Rumo ao Brasil|  Ruy Ventura | Sandra Carvalho| Sesimbra arqueológica|  Sesimbra Jobs |  Sesimbra Jovem |  Sesimbra, três Freguesias, um Concelho| Se Zimbra|  Simplicidade | Singradura da relinga| Skim Brothers| Sonhar de pés presos à cama|  Tiago Ezequiel |  Tiago Pinhal |  Trans-ferir | Una mirada a la Ria de Vigo|          Varam'ess'aiola |  Ventinhos |


Canoa da Picada