Livros da Biblioteca
Editora: TeoremaEdição portuguesa: 2006
Tradução: Paula Reis
Nº Páginas: 312
Edição francesa original: 2004
Como Napoleão não conseguiu vencer o "vespeiro português"
Francisco Neves - jornal Público
«Foram más e pouco mudaram desde a monarquia de Versalhes ao império Napoleónico as relações entre a França e Portugal. Napoleão nunca entendeu a especificidade do pequeno país da Península Ibérica e a tentativa da sua "integração europeia" esbarrou na diplomacia ambígua dos fracos e numa profunda tradição atlantista, que ainda hoje perdura. É, em esboço, a tese da arquivista e paleógrafa Nicole Gotteri em "Napoleão e Portugal", da editora Teorema.
«Responsável, desde 1974, por acervos documentais do regime saído da Revolução Francesa, a historiadora Nicole Gotteri sentiu-se, segundo afirma numa entrevista, "fascinada pelo conflito ibérico, talvez a mais terrível das campanhas" napoleónicas. A aventura portuguesa do guerreiro francês tem sido o "parente pobre" da historiografia revolucionária e napoleónica. "No entanto - explicou a autora numa conferência na Sorbonne, em 2002 -, Portugal, país com dimensões reduzidas e com um governo frágil, representou, mais que qualquer outro Estado da Europa, um obstáculo à vontade imperial tão mais invencível quanto parecia poder ser facilmente neutralizado. Foi a grande e funesta ilusão que Napoleão acalentou. A sua ignorância da Geografia e da história de Portugal arrastou-o para projectos irrealistas, cujo fracasso era previsível."
«As peripécias desse descalabro, em boa parte recorrendo à correspondência oficial e diplomática do momento, são aqui descritas. É o retrato de uma visão de Portugal, olhado como mero peão no grande confronto franco-britânico, e de um Portugal à beira da ruína que chegou a ver a casa real fugir e que perdeu temporariamente a soberania sobre a Madeira. A autora descreve a série de incidentes antifranceses ocorridos em Portugal e sublinha a diplomacia dúbia de um país vacilante entre duas superpotências, a sua "habitual táctica dilatória". Mas que, como escrevia Junot, no momento da verdade "declarar-se-á a favor de Inglaterra porque é o único meio para não morrer à fome". Como sublinha também a má preparação das invasões (o exército francês vê-se por mais que uma vez obrigado a mandar fazer milhares de sapatos para os soldados) e a violência do "vespeiro português", onde raramente se hesitava em matar os franceses feridos que ficavam para trás.
«As "construções abstractas que o Imperador, fechado no seu gabinete, oferecia aos generais presentes no terreno" só ajudou a uma acumulação de malogros. O imperador "não possuía senão uma perspectiva sumária sobre o estado preciso de Portugal", escreve a autora. Ele "sempre desprezara as forças insurrectas com as quais os seus exércitos se haviam batido. Não fazia a menor ideia da mobilização popular.» [...]
5 Comentários:
João, há novo blog sobre sesimbra : mata-carta
www.magra-carta.blogspot.com.
Já fui pesquisar, mas não me parece que tenha a ver com Sesimbra. Terei visto mal?
Tem a ver apenas o facto de ser um livro da Biblioteca Municipal de Sesimbra.
Magra Carta é um blog, não um livro...
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