A quem sai este rapaz?!...
I. As opiniões do Prior de Santiago
II. O pensamento do Dr. Curto
III. Horóscopo
O consultório do Dr. Carvalho compunha-se de uma sala de espera, com a botica homeopática ao fundo, separada dos clientes por um balcão, e dum gabinete de consulta.
As essências aplicadas na nova medicina estavam instaladas, num grande armário envidraçado, com frascos rotulados.
Na cimalha, uma faixa azul com letras douradas ostentava o lema dos homeopatas: "Similia similibus curantur", que em vulgar significa: "os semelhantes curam-se pelos semelhantes".
O Dr. Carvalho era um macaísta, com todas as características do chinês vestido à europeia.
Usava a comprida sobrecasaca, indispensável à indumentária médica da época, completada na rua pelo chapéu alto.
Os bigodes descaídos em arco aos cantos da boca davam-lhe um ar de bruxo. Era mesmo conhecido pelo Dr. Bruxo.
D. Cândida sentou-se entre os outros consulentes e encetou conversação com as senhoras.
A maioria não ia consultar o médico, mas o Dr. Bruxo sobre a psique de noivos ou noivas.
Era exímio fisionomista o Dr. Carvalho. Acertava sempre com o carácter das pessoas de quem examinava os retratos.
Bom católico e, portanto, bom conselheiro, aprovava ou reprovava os casamentos conforme o que lia nas fisionomias.
D. Cândida fartou-se de ver retratos de rapazes e raparigas até lhe chegar a vez e o Quim de assediar os circunstantes com perguntas indiscretas.
(continuação...)
2 Comentários:
Este conto, além de estar muito bem "contado", é revelador da cultura e do interesse do autor pela natureza humana, nas suas várias vertentes. A busca de uma "explicação" para o comportamento de Quim, pelo lado oriental, é um achado.
Então vocês, em três blogues, andam a fazer a mesma pergunta e ainda não perceberam a quem sai este rapaz.
Claro, só pode ser ao vosso acólito António Cagica.
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