Sanica
Durante muitos anos o Sanica teve a sua "clínica" de veterinário, ao cimo da rua Cândido dos Reis, frente à gigantesca empena dos Bombeiros, constituíu um mundo fantástico de exotismo, surpresas e emoções. O Sanica não tinha mãos a medir: passava por ali toda a sorte de animais, mas especialmente cavalos, burros e cães. Os burros paravam ali naturalmente, vindos à vila para transporte das frutas e verduras do campo. Os cães, nesse tempo, dominavam a vila, fosse com dono certo ou nas matilhas que cirandavam à procura de comida. Recordo-me particularmente dos galgos, sempre elegantes mesmo quando vadiavam.A loja do Sanica ficava então no topo da "mata", essa outra floresta de aventuras e clandestinidades infantis. Era uma localização bem à nossa mão - minha, do meu irmão e dos meus primos - próxima da oficina de serralharia que os nossos pais mantinham mais abaixo. Não havia nada que aquele homem, de fraca estatura e modos suaves, não soubesse fazer. Vê-lo medicar os animais, ao mesmo tempo que ia fazendo o diagnóstico e o "ponto da situação", como agora se usa dizer, valia cada minuto roubado às brincadeiras de então (e não eram assim tão poucas que o tempo sobrasse: carros de rolamentos, de cana, jogo das bolas de ferro, do paulito, das placas, corridas, futebol, seitas, etc.). Era como assistir a qualquer filme no salão do João Mota. Aliás, era melhor, pois ali ninguém nos barrava a entrada com perguntas descabidas sobre a idade e a cédula - embora, às vezes, as cenas fossem chocantes.
Nota: escrevi esta entrada na suposição de que o senhor Sanica, veterinário, tinha falecido, mas foi o irmão. As minhas desculpas pela confusão. Agradeço ao comentador que prontamente me corrigiu o erro.
3 Comentários:
Segundo julgo saber quem faleceu não foi o Sanica - "veterinário" mas sim o irmão . Será ?
Tinha razão: trata-se de um irmão. Agradeço a sua rápida informação.
Mas foi muito justa a homenagem, e, ainda bem, feita em vida!!
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