O mouro Cosme
O blogue
Random Precision, citando o «Diário da História de Portugal», de José Hermano Saraiva e Maria Luísa Guerra, lista uma série de denúncias feitas à Inquisição, entre as quais se encontra esta:
«Em 11 de Janeiro de 1557, Gonçalo Pereira denunciou o mouro Cosme, de Sesimbra, por ter dito que Nossa Senhora não era virgem.»
Quer a existência de mouros entre a população portuguesa quer o ambiente de intolerância religiosa e espírito de denúncia, são factos históricos bem conhecidos dos portugueses. Se o primeiro mostra tolerância civilizacional, os outros dois revelam algumas das piores características do ser humano, agindo sozinho ou organizado. Eis pois um pequeno drama passado em Sesimbra, poucos anos antes da publicação dos Lusíadas (1572).
4 Comentários:
João, o que aconteceu ao Mouro Cosme??? Adivinhamos, não é. Coitado!!! Se fosse hoje, Dan Brown e o seu "Código DaVinci" davam uma chama linda!
Não sei o que lhe aconteceu, mas não terá sido necessariamente a condenação: a Inquisição não era um tribunal puramente arbitrário e houve muitos casos de arquivamento de processos por falta de provas.
No entanto, uma das coisas que mais me impressiona era o método de interrogatório: exigia-se ao acusado que confessasse, frequentemente mediante tortura, mas sem nunca lhe dizer exactamente qual a acusação que pendia contra ele.
Assim, muitas vezes e em situações como a referida, quando o acusado não conseguia sequer vislumbrar ou recordar o que é que poderia ter feito ou dito de errado, seria muito difícil defender-se.
Acabava por dar-se por culpado.Logo...
É uma página triste da nossa história. Infelizmente, para além da violência institucional da Inquisição, existiu também a "justiça popular", tal como aconteceu em Lisboa em 19 de Abril de 1506, em que terão sido massacradas entre 2 mil a 4 mil pessoas, durante três dias (um episódio normalmente ignorado pelos portugueses da actualidade, que gostam muito de atirar as culpas para cima de uma instituição qualquer, esquecendo-se de olhar para si próprios).
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