Mar
Estive atento ao discurso de tomada de posse do novo presidente da República. Fiquei contente por ouvir Cavaco Silva afirmar que "É tempo de prestar ao mar uma nova atenção." A verdade é que, em todo o discurso, foi a única novidade relativamente aos temas que os políticos e o governo usualmente debitam. No entanto, quem ler os jornais de hoje e os comentários que fazem a este assunto, não encontrará qualquer referência a este tema.
No ano passado, o governo português divulgou uma estratégia para o mar e os oceanos, na sequência do excelente trabalho realizado pela Comissão Estratégica dos Oceanos, cujo relatório pode ser consultado aqui: [parte 1][parte 2]. Recorde-se que esta Comissão era constituída por técnicos de grande qualidade, caso do seu coordenador Dr. Tiago Pitta e Cunha, e incluía uma pessoa ligada a Sesimbra: o Dr. Nuno Sanchez Lacasta.
Dada a importância deste trabalho, é muito estranho que o actual governo não lhe tenha dado, até agora, especial atenção. Assisti há poucos dias a uma conferência dada pelo Dr. Tiago Pitta e Cunha no Instituto Superior de Economia, precisamente sobre a Economia do Mar, e ficou claro que continua tudo em banho-maria, apesar da União Europeia estar a apostar forte neste domínio. De que estará o nosso governo à espera? Oxalá que a sugestão do Presidente da República - que se reproduz a seguir - altere esta apatia.
«Nesga de terra debruada de mar», assim qualificou Miguel Torga o nosso Portugal. É tempo de prestar ao mar uma nova atenção. A vasta área marítima sob jurisdição nacional, que nos posiciona como uma grande nação oceânica, ponte natural entre a Europa, a África e a América, encerra potencialidades económicas e um valor estratégico que não podemos ignorar. O mar, para além do seu significado histórico, constitui, para Portugal, uma enorme oportunidade.
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