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segunda-feira, março 20, 2006

Blogologia

Segundo a Wikipédia, um blogue é um "registo publicado na Internet relativo a algum assunto organizado cronologicamente - como um histórico ou diário".

Existe uma grande variedade de blogues, que podem ir desde simples registos da vida pessoal do dia a dia (do tipo: "hoje acordei bem-disposta e o meu gato também"), até comentários políticos e filosóficos muito elaborados, mas uns e outros traduzem sempre um ponto de vista pessoal. O que é constante nos blogues, para além da sua estrutura cronológica, é essa natureza subjectiva. Pode até acontecer que se noticiem nos blogues acontecimentos de grande actualidade, mas tanto a selecção dos eventos como o seu tratamento, aproxima-os mais da crónica de opinião do que do jornalismo. Uma outra definição de blogues poderia ser: diários públicos interactivos(*).

Os blogues possuem, no entanto, dois aspectos que os tornam muito diferentes dos "diários pessoais": (1) a sua disponibilidade pública imediata, e (2) a possibilidade, também imediata, dos leitores acrescentarem os seus comentários às entradas, e subsequente diálogo com os autores das entradas ou entre comentadores. No entanto, nem todos os blogues oferecem a possibilidade de se fazerem comentários, nomeadamente porque essa opção é às vezes utilizada por anónimos para observações ofensivas e caluniosas. Foi por este motivo que o blogue Causa Nossa, por exemplo, inicialmente muito comentado, optou por retirar a hipótese de comentários.

Outra das pragas que ataca os blogues são as mensagens publicitárias, ou "lixo virtual", que invadem e atafulham as caixas de comentários. Um blogue pode estar muito tempo ao abrigo destes ataques, mas quando eles começam, passam a invadir os comentários várias vezes ao dia. Uma medida intermédia contra estes ataques é a de possibilitar comentários mas que só são publicados depois de vistos pelo administrador do blogue [como acontece neste mesmo blogue]. O resultado é o mesmo, com a diferença de que os autores de comentários insultuosos ou caluniosos passam a evitar escrever coisas que sabem ter pouca probabilidade de ser publicadas.

Fazendo um intenso recurso à tecnologia informática, abundam neste meio os estrangeirismos, mas é possível aproximar a sua terminologia própria à língua portuguesa, quer "aportuguesando" as palavras ("blogue em vez de "blog", blogosfera em vez de "blogosphere", por exemplo) ou utilizando os equivalentes em português:
  • entrada em vez de "post"
  • em linha em vez de "on line"
  • ligação em vez de "link"

    Dada a variedade de blogues, é possível agrupá-los por categorias, tais como: política, economia, ensino, arqueologia, poesia, etç. Uma das categorias mais interessantes é a dos "blogues de lugares". Eis alguns exemplos:

  • "O melhor do Gerês" - "partilhar momentos de lazer na natureza...com respeito."
  • "Monsaraz" - "olhares de um habitual visitante sobre a Vila de Monsaraz."
  • "Alto da Praça", de Borba.
  • "Mais Évora" -“...prometo de vos servir e dizer o pouco que souber, e logo vos hei-de dizer as cousas que sei bem sabidas e as em que tenho dúvidas, com juramento de falar muita verdade.” [citação de Garcia de Orta]
  • "Judeus em terras de Algodres" - "estudar e investigar a presença Hebraica pelas Terras de Algodres, hoje concelho de Fornos de Algodres."
  • "Aveiro Sempre" - "debater democraticamente a Cidade dos Canais."
  • "Ruas da minha terra - "Porto" - fotos e um pouco de texto sobre algumas ruas da cidade do Porto."
  • "Prairie point", onde um casal do Texas - Bill e Tricia - escrevem e publicam fotografias do seu próprio jardim e da sua casa.
  • "Mulubimba Moments", dedicado à região de Newcastle, na Austrália.
  • "London and the North", reflexões de alguém que faz habitualmente a ligação entre Londres e uma aldeia do Yorkshire, comentando acerca dos contrastes entre o mundo urbano e o mundo rural.
  • "Bowen island Journal" - "um amontoado de rochas, com 20 milhas quadradas, situado a duas milhas da costa ocidental do Canadá, que abriga 3 mil pessoas, 3 montanhas, 2 vales, 4 lagos, cerca de 15 praias, 2 espécies de salmão, uma aldeia, o autor e a família."

    Um projecto muito curioso é o "The Blog of Henry David Thoreau", especialmente se tivermos em consideração que o autor faleceu em 1842... O que o verdadeiro autor do blogue faz é reproduzir, em dias homónimos, apontamentos diários que Thoreau fez há muitas décadas. Henry David Thoreau é frequentemente citado pelos defensores do "Estado mínimo", por causa do seu livro "Da Desobediência Civil", onde defende que o Estado deve intervir o menos possível nas nossas vidas, mas distinguiu-se também pelo amor à Terra e à Natureza, advogando o regresso da humanidade a uma vida mais simples.


    (*) é verdade que existem páginas apresentadas como blogues que se afastam deste conteúdo,como é o caso de páginas de publicidade a empresas, sem actualização regular; mas trata-se de excepções que não alteram a natureza essencial dos blogues. Essas páginas acabarão por não ter leitores regulares. Não seria o facto de alguém utilizar uma cadeira para arrombar uma porta que nos levaria a acrescentar essa funcionalidade ao conceito de cadeira.

  • 3 Comentários:

    Às 23/3/06 , Anonymous Anónimo disse...

    O blog Aspirina B, publica um post interessantíssimo de Nuno Ramos de Almeida, intitulado "O texto que mais vezes me lembro, quando leio determinados "posts" e comentários"

    Aqui vai:



    "Sente-se. Está sentado? Encoste-se tranquilamente na cadeira. Deve sentir-se bem instalado e descontraído. Pode fumar. É importante que me escute com muita atenção. Ouve-me bem? Tenho algo a dizer-lhe que vai interessá-lo. Você é um idiota. Está realmente a escutar-me? Não há pois dúvida alguma de que me ouve com clareza e distinção? Então Repito: você é um idiota. Um idiota. I como Isabel; D como Dinis; outro I como Irene; O como Orlando; T como Teodoro; A como Ana. Idiota. Por favor não me interrompa. Não deve interromper-me. Você é um idiota. Não diga nada. Não venha com evasivas. Você é um idiota. Ponto final. Aliás não sou o único a dizê-lo. A senhora sua mãe já o diz há muito tempo. Você é um idiota. Pergunte pois aos seus parentes. Se você não é um idiota...claro, a você não lho dirão, porque você se tornaria vingativo como todos os idiotas. Mas os que o rodeiam já há muitos dias e anos sabem que você é um idiota. É típico que você o negue. Isso mesmo: é típico que o Idiota negue que o é. Oh, como se torna difícil convencer um idiota de que é um Idiota. É francamente fatigante. Como vê, preciso de dizer mais uma vez que você é um Idiota e no entanto não é desinteressante para você saber o que você é e no entanto é uma desvantagem para você não saber o que toda a gente sabe. Ah sim, acha você que tem exactamente as mesmas ideias do seu parceiro. Mas também ele é um idiota. Faça favor, não se console a dizer que há outros Idiotas: Você é um Idiota. De resto isso não é grave. É assim que você consegue chegar aos 80 anos. Em matéria de negócios é mesmo uma vantagem. E então na política! Não há dinheiro que o pague. Na qualidade de Idiota você não precisa de se preocupar com mais nada. E você é Idiota (Formidável, não acha?)"

    Brecht

     
    Às 23/3/06 , Blogger Joao Augusto Aldeia disse...

    O endereço original da entrada do blogue 'Aspirina B' que o comentador Brecht aqui deixou, é o seguinte:

    http://aspirinab.weblog.com.pt/2006/03/
    utilitario_para_a_blogosfera.html

     
    Às 24/3/06 , Blogger T D disse...

    obrigado pela refer~encia ao meu blogue "ruas da minha terra"

    abraço

     

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