Blogologia
Segundo a Wikipédia, um blogue é um "registo publicado na Internet relativo a algum assunto organizado cronologicamente - como um histórico ou diário".Existe uma grande variedade de blogues, que podem ir desde simples registos da vida pessoal do dia a dia (do tipo: "hoje acordei bem-disposta e o meu gato também"), até comentários políticos e filosóficos muito elaborados, mas uns e outros traduzem sempre um ponto de vista pessoal. O que é constante nos blogues, para além da sua estrutura cronológica, é essa natureza subjectiva. Pode até acontecer que se noticiem nos blogues acontecimentos de grande actualidade, mas tanto a selecção dos eventos como o seu tratamento, aproxima-os mais da crónica de opinião do que do jornalismo. Uma outra definição de blogues poderia ser: diários públicos interactivos(*).
Os blogues possuem, no entanto, dois aspectos que os tornam muito diferentes dos "diários pessoais": (1) a sua disponibilidade pública imediata, e (2) a possibilidade, também imediata, dos leitores acrescentarem os seus comentários às entradas, e subsequente diálogo com os autores das entradas ou entre comentadores. No entanto, nem todos os blogues oferecem a possibilidade de se fazerem comentários, nomeadamente porque essa opção é às vezes utilizada por anónimos para observações ofensivas e caluniosas. Foi por este motivo que o blogue Causa Nossa, por exemplo, inicialmente muito comentado, optou por retirar a hipótese de comentários.
Outra das pragas que ataca os blogues são as mensagens publicitárias, ou "lixo virtual", que invadem e atafulham as caixas de comentários. Um blogue pode estar muito tempo ao abrigo destes ataques, mas quando eles começam, passam a invadir os comentários várias vezes ao dia. Uma medida intermédia contra estes ataques é a de possibilitar comentários mas que só são publicados depois de vistos pelo administrador do blogue [como acontece neste mesmo blogue]. O resultado é o mesmo, com a diferença de que os autores de comentários insultuosos ou caluniosos passam a evitar escrever coisas que sabem ter pouca probabilidade de ser publicadas.
Fazendo um intenso recurso à tecnologia informática, abundam neste meio os estrangeirismos, mas é possível aproximar a sua terminologia própria à língua portuguesa, quer "aportuguesando" as palavras ("blogue em vez de "blog", blogosfera em vez de "blogosphere", por exemplo) ou utilizando os equivalentes em português:
Dada a variedade de blogues, é possível agrupá-los por categorias, tais como: política, economia, ensino, arqueologia, poesia, etç. Uma das categorias mais interessantes é a dos "blogues de lugares". Eis alguns exemplos:
Um projecto muito curioso é o "The Blog of Henry David Thoreau", especialmente se tivermos em consideração que o autor faleceu em 1842... O que o verdadeiro autor do blogue faz é reproduzir, em dias homónimos, apontamentos diários que Thoreau fez há muitas décadas. Henry David Thoreau é frequentemente citado pelos defensores do "Estado mínimo", por causa do seu livro "Da Desobediência Civil", onde defende que o Estado deve intervir o menos possível nas nossas vidas, mas distinguiu-se também pelo amor à Terra e à Natureza, advogando o regresso da humanidade a uma vida mais simples.
(*) é verdade que existem páginas apresentadas como blogues que se afastam deste conteúdo,como é o caso de páginas de publicidade a empresas, sem actualização regular; mas trata-se de excepções que não alteram a natureza essencial dos blogues. Essas páginas acabarão por não ter leitores regulares. Não seria o facto de alguém utilizar uma cadeira para arrombar uma porta que nos levaria a acrescentar essa funcionalidade ao conceito de cadeira.
3 Comentários:
O blog Aspirina B, publica um post interessantíssimo de Nuno Ramos de Almeida, intitulado "O texto que mais vezes me lembro, quando leio determinados "posts" e comentários"
Aqui vai:
"Sente-se. Está sentado? Encoste-se tranquilamente na cadeira. Deve sentir-se bem instalado e descontraído. Pode fumar. É importante que me escute com muita atenção. Ouve-me bem? Tenho algo a dizer-lhe que vai interessá-lo. Você é um idiota. Está realmente a escutar-me? Não há pois dúvida alguma de que me ouve com clareza e distinção? Então Repito: você é um idiota. Um idiota. I como Isabel; D como Dinis; outro I como Irene; O como Orlando; T como Teodoro; A como Ana. Idiota. Por favor não me interrompa. Não deve interromper-me. Você é um idiota. Não diga nada. Não venha com evasivas. Você é um idiota. Ponto final. Aliás não sou o único a dizê-lo. A senhora sua mãe já o diz há muito tempo. Você é um idiota. Pergunte pois aos seus parentes. Se você não é um idiota...claro, a você não lho dirão, porque você se tornaria vingativo como todos os idiotas. Mas os que o rodeiam já há muitos dias e anos sabem que você é um idiota. É típico que você o negue. Isso mesmo: é típico que o Idiota negue que o é. Oh, como se torna difícil convencer um idiota de que é um Idiota. É francamente fatigante. Como vê, preciso de dizer mais uma vez que você é um Idiota e no entanto não é desinteressante para você saber o que você é e no entanto é uma desvantagem para você não saber o que toda a gente sabe. Ah sim, acha você que tem exactamente as mesmas ideias do seu parceiro. Mas também ele é um idiota. Faça favor, não se console a dizer que há outros Idiotas: Você é um Idiota. De resto isso não é grave. É assim que você consegue chegar aos 80 anos. Em matéria de negócios é mesmo uma vantagem. E então na política! Não há dinheiro que o pague. Na qualidade de Idiota você não precisa de se preocupar com mais nada. E você é Idiota (Formidável, não acha?)"
Brecht
O endereço original da entrada do blogue 'Aspirina B' que o comentador Brecht aqui deixou, é o seguinte:
http://aspirinab.weblog.com.pt/2006/03/
utilitario_para_a_blogosfera.html
obrigado pela refer~encia ao meu blogue "ruas da minha terra"
abraço
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